‘Toque’ de Pescuma embeleza campanhas

06/09/2010 08:59

Ele é o maior intérprete de jingles de campanhas eleitorais de Mato Grosso. Só este ano, compôs e interpretou para 18 candidatos que concorrem na eleição 2010, inclusive para o governador Silval Barbosa (PMDB), que tenta a reeleição. Benedito Donizete de Morais, também conhecido como Pescuma, já é referência na área político-musical.

Na carreira, são cerca de 400 jingles políticos e comerciais. A diferença de suas composições é que em 90% dos casos ele utiliza um ritmo regional. “Nós quebramos paradigmas ao produzir tudo aqui: composição, arranjo e músicos. E o melhor é que a música cai na boca do povo, o que é imprescindível para um jingle”, explica Pescuma.

Nessa eleição, ele cobra de R$ 5 a R$ 10 mil por jingle. Mas ele não faz as coisas sozinho, faz questão de ressaltar a parceria com Pineto Bonilha. “Pescuma e Pinetto são como Vinícius e Toquinho na sintonia”, compara.

Mesmo fazendo música e cantando para tanta gente, Pescuma diz que não há conflito de interesse ou ideia. Isso porque cada jingle tem identidade, representa o candidato. A composição sempre segue a orientação do marqueteiro. Ele afirma que não existe lado partidário nesse trabalho. “Eu tenho minhas preferências políticas, mas nem fico falando. Isso é uma coisa separada. Quando tenho a missão de fazer uma música de campanha, quero fazer o melhor pelo candidato, pois é um trabalho”.

A diferença, segundo ele, de suas composições políticas é que elas são obras musicais bem compostas. “Nossos jingles são obras musicais, se trocar a letra, vira uma música como outra qualquer. E é claro que tem que ter o pedaço chiclete, aquele que gruda da cabeça”, explica.

Apesar de ter nascido em São Paulo, ele é cara de Mato Grosso. Dos 51 anos de vida, 27 vive em Cuiabá. “Quando eu cresci meu Bom Jesus mandou buscar”, canta o músico. E desse tempo em solo mato-grossense, há 22 produz jingles para campanha eleitoral. O primeiro foi em 1988, para o então candidato a vereador por Cuiabá, Chico Daltro (PP), hoje candidato a vice de Silval Barbosa.

Foi Daltro, “amigo e irmão”, quem abriu as portas de Cuiabá para ele e o apresentou a Dante de Oliveira. Chegou a ser subsecretário de cultura de Cuiabá quando Dante foi prefeito. “Pessoa incrível. Com ele eu entendi mais sobre política, era um homem à frente de seu tempo, tanto que foi o homem das Diretas Já. Nós éramos amigos de tocar viola, tomar cachaça e discutir política”, contou Pescuma.

Também é amigo do ex-deputado Valter Albano, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. “São essas pessoas que ajudaram a formam a minha gênese cuiabana”.

Em seu estúdio em sociedade com Pineto, que fica no segundo andar, com dois lances de escadas íngremes, de um prédio na esquina da Presidente Marques com a João Bento, ele falou empolgado sobre jingles, mas sobretudo sobre música, Henrique, Claudinho (o famoso trio) e Pineto. Ali naquele lugar já foram gravados 250 discos musicais. “Estúdio pequeno, mas com a cara de Mato Grosso. O principal disco dos Beatles foi gravado numa mesa com apenas quatro canais. O que importa são as pessoas por trás da mesa”.

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