etanol mais caro em plena safra

05/10/2010 10:29

Em plena safra de cana-de-açúcar, os consumidores mato-grossenses – que esperavam por uma queda nos preços do etanol, como no ano passado – iniciam a semana pagando mais caro pelo produto. Ontem, o preço passou a R$ 1,66, alta de R$ 0,10, ou de 6,41%, considerando um preço médio de R$ 1,56 na Capital.

Informações do setor apontam para um reajuste entre 7% e 8%, mesmo com a safra de 850 milhões de litros de etanol neste ano – 600 milhões de litros de hidratado (combustível) e 250 milhões de litros de anidro (misturado à gasolina).

O Sindicato dos Revendedores de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo) informa que os postos de combustíveis em todo o Estado estão sendo comunicados da alta, pelas suas distribuidoras, sobre os aumentos nos preços de custo do etanol hidratado. Com a alta, os preços máximos na Capital poderão chegar a R$ 1,69 até a próxima sexta-feira. Em janeiro, época da entressafra, os preços do etanol atingiram R$ 1,89 em Cuiabá.

Segundo as distribuidoras, a alta nas bombas se deve aos reajustes de preços de venda do produto feito pelas usinas de açúcar e álcool. Embora este ainda seja período de safra, os preços estariam subindo porque há uma previsão de colheita abaixo das expectativas iniciais.

Segundo estimativas do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), em Mato Grosso, a quebra prevista é de 3%. Esta quebra, contudo, pode não se confirmar devido ao início das chuvas e à recuperação dos canaviais.

Os postos alegam, contudo, que as distribuidoras já repassaram aumento para os postos e o varejo também terá de aumentar os preços para o consumidor na mesma proporção. De acordo com Bruno Borges, secretário do Sindipetróleo, na semana passada as distribuidoras estavam “entregando” o etanol a R$ 1,18/litro. “Hoje, os postos estão pagando R$ 1,27. Não há como segurar os preços na bomba”. Ele diz que os cálculos do reajuste já foram feitos “e cada um vai aumentar os preços de acordo com a sua planilha de custos”.

O Sindipetróleo lembra que o mercado é livre e competitivo em todos os segmentos, cabendo a cada distribuidora e posto revendedor determinar se irão ou não repassar os custos ao consumidor e, se o fizerem, em qual percentual. No entanto, o setor entende ser de fundamental importância esclarecer a realidade dos fatos “para que o revendedor, face visível do mercado, não seja responsabilizado por majorações de preço ocorridas em outras etapas da cadeia”.

Os empresários de postos de combustíveis alegam que atualmente o setor já trabalha na margem mínima de lucro e não consegue arcar com as altas. “Isto acontece por conta de uma política de mercado externo, onde o próprio presidente Lula se tornou garoto propaganda do etanol para o mundo”, comenta o dono de um posto de combustíveis.

Ele acredita que a alta vai ocorrer também em função do aumento do consumo, que triplicou em Mato Grosso nos últimos anos. O consumo saiu de 107 milhões de litros em 2007, passou para 275 milhões de litros em 2008 e chegou a 380 milhões de litros no ano passado.

CONSUMIDORES – A notícia da alta nos preços do etanol não agradou os consumidores. “Além de termos um preço caro no Estado, ainda teremos de pagar mais este reajuste?”, questiona o motorista Marcelo Barbosa, que gasta por mês cerca de R$ 350 com etanol. Ele revela que viajando na última semana percebeu preços inferiores, como R$ 1,49 às margens da BR-364, entre Cuiabá e Cáceres. “Não consigo entender por que os preços em Cuiabá ainda continuam altos e ainda teremos que arcar com mais um aumento”.

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