Baracat leva soco de Toninho Domingos e teme por vida

15/10/2010 09:39

O ex-vereador por Várzea Grande Edilson Baracat se mostrou “revoltado” com a agressão sofrida na noite de quarta feira (13), ao participar de uma manifestação na Câmara Municipal pela cassação do prefeito Murilo Domingos (PR). Os socos e pontapés foram desferidos pelo irmão do prefeito, Toninho Domingos, e um sobrinho. Agora, ele teme por sua própria vida e deve acionar os dois judicialmente.

Ao relatar o fato, Baracat disse que estava pregando cartazes com mensagens favoráveis à abertura do processo para investigar Murilo, pela suposta prática de crimes de improbidade administrativa, que poderiam culminar em sua cassação.

“Estava me manifestando como qualquer outro cidadão, pois estamos em uma democracia. O resultado foi a agressão: está é a cara da democracia de Várzea Grande. Se fizeram isso, o que mais podem fazer? Temo pela minha vida”, disse.

Segundo o ex-vereador a abordagem de Toninho Domingos foi agressiva desde o início. Ao chegar no local, ele rasgou os cartazes e seguiu em direção a ele. “Quando me abaixei para pegar outro cartaz, ele me xingou e meteu a mão na minha cara. Eu devolvi o xingamento e um rapaz [sobrinho de Toninho, nome não revelado] veio me batendo”, contou.

Contra a parede

Edilson Baracat disse não saber os motivos para o ato de violência, uma vez que estava somente se manifestando. Ele acredita que foi marcado pela família Domingos, por questões eleitorais. Baracat era secretário de Esporte de Murilo, mas não apoiou Murilo na eleição de 2008, quando o prefeito disputou a reeleição. “Não sei o motivo da agressão. Só ele pode responder”, declarou.

Ao relembrar da cena da agressão, Baracat disse que, após levar o soco no rosto, foi jogado contra a parede e agredido pelo sobrinho de Domingos. Nesse momento, ele disse que se abaixou para se proteger. “Se eu não protejo, a lesão seria muito maior. A sorte é que o pessoal veio apartar”, ressaltou.

Baracat lembrou que participou do movimento contra o Regime Militar, em 70, no Rio de Janeiro, e disse que não sofreu esse tipo de agressão. “Vim apanhar na Câmara Municipal de Várzea Grande, cidade onde eu fui vereador, vice-prefeito… Na minha terra. Uma Casa de Leis onde trabalhei e agora apanhei. Me bateram por me expressar. Que absurdo!”, afirmou.

Ele ainda declarou que a Guarda Municipal e a Polícia Militar deixaram Toninho Domingos sair sem abordá-lo pela agressão. Edilson Baracat e o sobrinho de Domingos foram encaminhados para o Cisc do Parque do Lago.

“O Toninho escapou porque a Polícia Militar não colocou na ocorrência que ele estava no meio. Na delegacia de polícia, eu fiz a queixa-crime contra o Toninho. O sobrinho dele ficou preso na delegacia”, disse.

“No bolso”

Edilson Baracat classificou a atual legislatura como “uma das piores da história de Várzea Grande”. “O povo fala que os vereadores estão no bolso de Murilo. Antes da sessão, eles estiveram com Murilo e vieram decididos para sessão. Agora, não posso provar, mas esse é o comentário popular”, declarou.

O ex-vereador afirmou que a população de Várzea Grande está desacreditada. “Ninguém faz oposição, nem o pessoal do DEM. Não existe oposição ali. Na minha época de vereador, o pessoal se manifestava, havia embate; agora, não tem nada”, afirmou.

Outro lado

O prefeito Murilo Domingos e seu irmão, o ex-secretário Toninho Domingos, não foram localizados para falar sobre o caso. Ambos não atenderam às ligações para seus respectivos celulares.

Entenda o caso

Dois pedidos de cassação do prefeito de Várzea Grande, Murilo Domingos (PR), foram lidos na sessão de quarta-feira (13), na Câmara de Vereadores. Ambas as denúncias foram encaminhadas pelo ex-procurador do município, na gestão do republicano, Antônio Carlos Kersting Roque.

Os documentos foram protocolados na última sessão do Legislativo. Eles foram ser colocados para a apreciação dos parlamentares, que, por maioria, decidiram pelo arquivamento. Houve protesto de populares.

As denúncias foram baseadas em duas supostas irregularidades cometidas na gestão de Murilo, que culminariam em ato de improbidade administrativa. Uma delas diz respeito a um parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que apontou gastos excessivos com publicidade no ano da reeleição (2008), ao se comparar com os anos anteriores.

O segundo ponto é referente ao Caso “João Só”, quando Murilo foi condenado em primeira instância, por determinação do juiz Gonçalo Antunes de Barros, da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública.

Ele é acusado de fraudar processo licitatório visando a conceder vantagens ao utilizar empresas de “fachada” e de apropriação indébita de dinheiro público. O fato aconteceu em 2005.

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