14/11/2010 11:03
As investigações do Banco Central na operação do banco Panamericano apontam desvio de dinheiro da instituição, de acordo com reportagem da edição de domingo da “Folha de S. Paulo”. O primeiro indício foi encontrado em aplicações de Certificado de Depósito Bancário (CDB) de um cliente pessoa física, que pagava taxas 30% maiores do que a média de mercado.
Apenas este cliente recebia R$ 120 milhões por ano como remuneração de um investimento de R$ 400 milhões em CDB. Segundo o jornal, o cliente é um empresário residente em Juiz de Fora (MG).
A rentabilidade das aplicações em CDB acompanha a evolução da taxa Selic, o juro básico da economia, que hoje está em 10,75% ao ano.
De acordo com o jornal, a suspeita do BC é que a taxa de juros das aplicações financeiras do banco Panamericano eram infladas artificialmente para justificar a saída de recursos da instituição.
Além dos ganhos acima da média, outro indício de irregularidade na aplicação financeira foi que o banco não comunicou ao Banco Central que uma pessoa física fez um investimento tão alto, procedimento obrigatório pela lei de lavagem de dinheiro.
Carteira de crédito inflada
Outra prática que o banco pode ter adotado para elevar seu resultado é o registro de uma carteira de crédito acima da realidade das contas dos bancos. A suspeita do BC é que o Panamericano vendeu ativos de sua carteira de crédito, mas continuou a contabilizá-los em seu balanço, inflando o valor de seu patrimônio.
Isso permitiria que o banco aumentasse ainda mais o seu volume de empréstimos – pelas normas do BC, as instituições financeiras têm limites para concessão de crédito atrelado aos seus ativos.
O Banco Central anunciou uma intervenção no banco na semana passada. O Panamericano recebeu R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito para cobrir o rombo da instituição.