Rios Teles Pires e Tapajós serão lagoas de água estagnada, suja e morta

16/11/2010 11:09

Professores das universidades estadual e federal de Mato Grosso e representantes dos movimentos sociais concluíram: o complexo de barragens que se pretende instalar no Norte do Estado,  transformará os rios Teles Pires e Tapajós numa série de lagoas de água estagnada, suja e morta, eliminando uma grande parte da biodiversidade, despojando milhares de pessoas, impactando comunidades tradicionais como ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores e povos indígenas.

Ao mesmo tempo, segundo os participantes do seminário “Amazônia em Debate: Compromissos das Universidades Públicas e Movimentos Sociais”, a energia gerada atenderá apenas às demandas da região sudeste do Brasil, criando poucos empregos para a região e muito lucro para as empresas de construção e de energia. O evento, realizado em Sinop, no Norte do Estado,  reuniu aproximadamente 500 pessoas do Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul.

Durante os três dias do seminário, foram apresentados temas como a história da ocupação da região Amazônica, a lógica do mercado de energia no Brasil e no mundo, os impactos sociais e ambientais da implantação de hidrelétricas em geral e especificamente no caso de Sinop e o complexo Tapajós.

Cada entidade e comunidade presente deixou muito claro que está lutando em favor de uma sociedade justa e um modelo econômico verdadeiramente sustentável, com inclusão de todos os cidadãos, com outro modelo energético e respeito ao meio-ambiente. Um desenvolvimento que o modelo econômico vigente, o capitalista, não pode realizar. O complexo Tapajós também não atende a estas demandas, já que não está priorizando o homem, nem o meio-ambiente em que vive, mas os benefícios econômicos.

No ultimo dia, o seminário dedicou-se à definição das formas de resistência contra as barragens. Formalizou-se o “Fórum Teles Pires Vivo”, que reúne as entidades e povos presentes na luta contra as barragens da região. Discutiu-se o posicionamento frente às audiências públicas, consideradas como mero ritual para legitimar o empreendimento, a mobilização das bases na luta, e seus próximos passos, as alianças a serem realizadas a nível regional, nacional e internacional.

As entidades disseram estar aberta a outros movimentos e pessoas para aliar-se na luta contra as barragens.

Uma exigência imediata do Fórum é o cancelamento das audiências públicas referente à construção da Hidrelétrica Sinop. As audiências foram anunciadas na semana passada e já se realizarão entre esta terça-feira e o dia 23. As entidades membros do Fórum consideram que não há tempo suficiente para que a população se informe e prepare para as audiências. O Ministério Público Federal entrou com ação contra as audiências, pedindo sua anulação.

Os participantes do movimento se disseram ainda preocupados e insatisfeitos com o Estudo do Impacto Ambiental da usina. Confirmaram, ainda, que o órgão federal responsável, a Empresa de Pesquisa Elétrica (EPE) negou várias vezes esclarecer as dúvidas da Prefeitura.

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