Taques pretende se desvincular dos políticos e ficará isolado no Senado

24/12/2010 11:15

Com um discurso contundente de combate a políticos ladrões e com a disposição de levar para a tribuna e para os debates temas polêmicos, José Pedro Taques (PDT) toma posse em fevereiro como senador. Ele logo vai perceber que há uma longa distância entre “o prometer” e o “fazer e acontecer”, Como atacou a classe política e chegou a dizer, sem mencionar nomes, que parte dos recursos das emendas parlamentares acaba desviado para o bolso de congressistas, Taques pôs o dedo na ferida da corrupção e mexeu num vespeiro. Vai ser visto como o senador paladino da moralidade, de bons exemplos em tudo que faz e capaz de resolver quase todos os problemas do país. Precisa, porém, estar preparado para não só as frustrações, mas para o isolamento político.

Primeiro, não conseguirá, sequer, liberar uma emenda, mesmo com a autoridade de um senador, se não buscar diálogo, articulação e tiver paciência para o trabalho de peregrinação nos órgãos e ministérios. Segundo, como está saindo da condição de pedra para ser vidraça, precisa conviver com críticas e ter mais humildade para com o eleitor. Como criou conflitos com a maioria dos membros da futura bancada federal mato-grossense, terá de reconstruir uma relação institucional, sob pena de partir para um trabalho paralelo.

Depois de duas décadas atuando no Ministério Público Federal com salário mensal superior a R$ 20 mil e de conseguir notoriedade nacional pela luta no combate ao crime organizado, Taques tomou gosto pela política, mesmo esquivando-se da pecha de político. Teve a coragem de pedir demissão do cargo vitalício e, com empurrão de eleitores já desiludidos com os candidatos, foi sacramentado nas urnas com 708.440 votos, vindo a garantir neste ano uma das vagas de senador, assim como o ex-governador Blairo Maggi, que teve 1.073.039 votos.

O pedetista defende criação de leis que possam trazer segurança jurídica à população. Propõe mudar, por exemplo, a Lei Orgânica da Magistratura, criada em 1979, acabar com a imunidade parlamentar e resgatar a qualidade do serviço público. Sustenta que não fez promessas, mas compromissos. Se continuar achando que, isoladamente e na base do atropelo, tocará todos os grandes projetos e terá apoio da maioria, vai colher frustração. Ficará com a sensação de impotência política. Aí, o eleitor não o perdoará.

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