Próxima versão do Windows rodará em chips Arm, confirma Microsoft

06/01/2011 08:41

A Microsoft afirmou na quarta-feira (5/1) que a próxima versão de seu sistema operacional Windows rodará em processadores Arm. A medida faz parte de um esforço para adaptar o Windows ao crescente mercado de tablets, em que Apple e Google têm tido vantagem.

É um grande passo para a Microsoft, já que seu sistema funciona tradicionalmente em arquiteturas x86 de processadores Intel e AMD. Chips baseados em projetos da Arm usam muito menos energia e dominam os smartphone, como BlackBerry e iPhone, e tablets como o Apple iPad.

Executivos da Microsoft fizeram o anúncio durante encontro com a imprensa na Consumer Electronics Show (CES) em Las Vegas (EUA), onde os tablets são um tema quente. O CEO Steve Ballmer é um dos principais palestrantes do evento.

A iniciativa leva o sistema operacional da Microsoft à era dos processadores “system on chip”, tais como os chips Arm, fabricados por empresas como Qualcomm e Texas, disse Steven Sinofsky, presidente da divisão Windows e Windows Live da Microsoft.

Muita energia
Alguns fabricantes chegaram a lançar tablets com o Windows 7, mas eles falharam em capturar o interesse dos consumidores. Parte do problema está no fato de que os processadores x86 drenam muita energia, o que limita a duração da bateria. Contudo, analistas dizem que o sistema da Microsoft também é parte do problema.

“O Windows 7 não é um sistema projetado para tablets”, disse a analista Sarah Rotman Epps, da Forrester, em uma entrevista no começo desta semana. Ele oferece alguma capacidade touch-screen, mas a interface não foi projetada desde o começo com o touch em mente.

Outro item que faz falta à Microsoft são versões na nuvem das aplicações Office, afirmou Epps. Os tablets Apple e Android tendem a ser usados para aplicações baseadas na web, como Google Docs e YouTube, em vez de ter software instalado localmente.

Os executivos da Microsoft disseram que o fato de levar o Windows a chips Arm irá tornar o sistema mais flexível. A empresa deverá desenvolver novas interfaces para versões futuras do OS para torná-lo mais adequado ao uso em tablets e outros aparelhos, embora nada tenha sido dito sobre isso na quarta-feira.

Intel Atom
Em referência à parceira de longa data Intel, Sinofsky disse que o processador Intel Atom também é um projeto do tipo ‘system-on-chip’, tanto quando o Tegra da Nvidia. Mas ele pareceu mais entusiasmado com o potencial do software nos processadores Arm.

Na quarta-feira (5/1), a Microsoft deu o que chamou de “demonstração técnica” do Windows no Arm, o que significa que o software não está totalmente desenvolvido e a empresa não está pronta para mostrar a interface do usuário ou fornecer informações sobre versões e preços, nem mesmo uma data de lançamento. Ele foi concebido como uma demonstração de engenharia, disse Sinofsky.

Ele mostrou uma build futura do Windows rodando em um processador Qualcomm Snapdragon, bem como um Microsoft Word rodando em um processador OMAP da TI. Em ambos os casos, o código Windows estava rodando nativamente no hardware, disse.

Sinofsky não disse como a próxima versão do Windows seria chamada. Informes com base em fontes anônimas sugeriram que poderá ser Windows 8 – uma surpresa, já que ela é esperada apenas para daqui a dois anos.

Requisitos
Os requisitos de sistema para dispositivos móveis têm dobrado a cada ano, a um ponto em que começa a haver uma convergência com aqueles do PC, disse. Os aparelhos mais recentes exigem processador de 1 GHz, 512 MB de RAM e um processador gráfico. Enquanto isso, as exigências dos sistemas operacionais para desktop têm caído.

“É interessante como eles começaram a convergir para uma mesma base de hardware”, afirmou.

É certo que a Microsoft continuará a desenvolver versões para arquitetura Intel de seus softwares para desktops e laptops – uma área que continua a ser bastante lucrativa para a empresa. Mas analistas veem que tables e outros computadores portáteis e leves tomem uma fatia cada vez maior do mercado.

A Forrester previu esta semana que um terço dos consumidores dos Estados Unidos, ou cerca de 82 milhões de pessoas, terão algum tipo de tablet até 2015. Espera-se que 44 milhões de tablets sejam vendidos este ano, um aumento em relação aos 10,3 milhões do ano passado.

A Forrester espera que a Apple mantenha sua fatia maior do mercado de tablets até 2015, disse Epps.