Rebaixamento de Plutão pode ter sido precipitado, dizem astrônomos

17/01/2011 12:37

No mês em que completa seis anos de descobrimento, o planeta-anão Éris e a sua participação no rebaixamento de Plutão à “série B planetária”, em 2006, continuam causando polêmica.

Um grupo de astrônomos liderados por Bruno Sicardy, do Observatório de Paris, disse ter feito uma nova medição que comprovaria que Éris é menor do que Plutão.

Por enquanto, eles não dizem o quão menor. A justificativa, disse Sicardy em entrevista ao “The New York Times”, é que eles estão poupando o material para um grande artigo na revista científica “Nature”.

Embora a diferença não deva passar de um punhado de quilômetros, o anúncio já foi suficiente para animar o grupo que quer rever o status de ex-planeta de Plutão.

O que se sabe, até agora, é que a nova medição foi feita no ano passado, aproveitando o momento em que uma estrela passou por trás de Éris, permitindo a visibilidade do experimento.

“Éris é claramente menor”, disse Alain Maury, que também observou o fenômeno, no Observatório San Pedro de Atacama, no Chile.

REBAIXAMENTO

Em 2005, quando foi localizado em um ponto distante do Sistema Solar, Éris trouxe um problema para os astrônomos.

Como seu diâmetro parecia maior do que o de Plutão, um planeta da “primeira divisão”, só havia duas alternativas: reconhecê-lo como o décimo planeta ou rebaixar o outro.

A IAU (União Astronômica Internacional) resolveu colocar ordem na casa e criou uma série de critérios para classificar um planeta. Regras que, apesar de séculos de estudos astronômicos, ainda não existiam.

Com isso, nasceu também um novo conceito: o de planeta-anão, em que Éris e Plutão foram colocados.

Tanto cuidado tem várias explicações, mas um dos motivos mais fortes era o receio dos astrônomos de que, com os instrumentos de observação cada vez mais potentes, haveria uma enxurrada de novos planetas no nosso Sistema Solar.

TRABALHO DIFÍCIL

Batizado em homenagem à deusa grega da discórdia, Éris fica bem mais distante do Sol do que Plutão.

Além da distância, existe um outro complicador para medições precisas: a baixa luminosidade do Cinturão Kuiper, onde eles estão.

Nem mesmo o tamanho de Plutão é considerado definitivo. Nos mais de 80 anos desde seu descobrimento, a estimativa de seu diâmetro já mudou várias vezes.

Uma medição muito precisa deve acontecer em 2015, quando a sonda New Horizons, da Nasa, chegar até ele.

Na opinião de Roberto da Costa, do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP), mesmo que fique comprovado que Plutão é realmente maior do que Éris, isso não deve servir para devolvê-lo ao “primeiro escalão”.

“Seja quem for que ganhe definitivamente essa disputa por tamanhos, o critério que separa planetas “clássicos” dos planetas-anões vai muito além disso”, avalia. “Um dos critérios para tanto é que o corpo deve ter ‘limpado gravitacionalmente a sua órbita’, e Plutão não o faz”, completa Costa.

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