Com proibição de medicamentos inibidores de apetite, novas medidas passam a ser analisadas

17/02/2011 16:49

Com o anúncio esta semana da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a audiência pública em que discutirá o cancelamento do registro de medicamentos contra a obesidade que contenham sibutramina e derivados de anfetamina, abre-se uma lacuna para o tratamento deste que é considerado um dos maiores problemas de saúde pública mundial.
 
Embora o tema deva receber parecer definitivo apenas no dia 23 de fevereiro, data da audiência da Agência, médicos especialistas já discutem o impacto da medida para os milhares de obesos em tratamento no País.
 
Segundo o dr. José Afonso Sallet, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a decisão sobre a retirada de circulação destes medicamentos deve ser acompanhada de propostas reais para o atendimento das necessidades dos obesos, que não podem ficar a deriva de um tratamento. “A recomendação de que a obesidade deva ser tratada com dieta e exercício, embora indiscutível, é muito simplista e não resolve o problema de milhares de pessoas que definitivamente não conseguem reduzir o peso sem auxílio mais efetivo”, relata.
 
Dados do IBGE comprovam que a obesidade aumenta a cada ano, inclusive na infância. Na contramão do problema, a população busca incessantemente métodos para sair do sobrepeso e, consequentemente, diminuir os riscos de doenças crônicas causadas por este. Porém, o índice de resultados apenas com dietas e exercícios é de menos de 10%, fazendo com que as dificuldades em perder peso façam o indivíduo desistir até mesmo dos hábitos saudáveis, agravando ainda mais a sua obesidade.
 
Dr. Sallet salienta que a indicação da Anvisa projeta a ideia de que a obesidade é uma condição apenas de força de vontade, quando na verdade está ligada – em sua grande maioria de casos – a fatores mais complexos, incluindo a síndrome metabólica.
 
Dentre as medidas que surgem neste novo cenário de restrição medicamentosa, o método do Balão Intragástrico tem se mostrado viável e eficaz. Aprovado pela ANVISA, o produto é um dispositivo cilíndrico de silicone, colocado por via endoscópica dentro do estômago e preenchido com soro fisiológico estéril, com volume ajustado de acordo com a necessidade de cada individuo (400 ou 600 ml). 
 
O tratamento tem o benefício da simplicidade de aplicação, segurança e não impedimento da absorção dos nutrientes dos alimentos pelo corpo. 
 
Com a possibilidade de perda média de 12 a 15% do excesso de peso em seis meses, que é o período para a permanência do balão no estômago, o individuo tem o tempo e o estímulo necessários para a devida reeducação de hábitos alimentares e de atividades físicas.
 
“O apoio multidisciplinar é fundamental em qualquer tratamento contra a obesidade e com os devidos estímulos e orientações profissionais, o indivíduo consegue chegar aos seus objetivos de forma saudável e com muito mais chances de sucesso”, completa dr. Sallet

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