Belas Artes adia fechamento da sala

23/02/2011 10:31

A história do fechamento do Belas Artes ganha mais um capítulo. Na semana passada, André Sturm, responsável por administrar o cinema paulistano, anunciou que a sala seria fechada nesta quinta-feira (24). No entanto, uma nova rodada de negociações com o proprietário do imóvel, Flávio Maluf, adiou a despedida do cinema.
Segundo Sturm, a iniciativa para retomar o debate partiu do dono do prédio, com mediação do promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes. Até então, a oferta de reajuste do aluguel havia chegado ao valor máximo de R$ 85 mil mensais, mais de R$ 1 milhão por ano, graças à parceria com um possível patrocinador. No entanto, o proprietário exigia R$ 150 mil.
O interesse em voltar à mesa de negociações traz esperança ao destino da sala, apesar do contrato de locação atual chegar ao fim na segunda-feira, dia 28. “Se íamos continuar negociando, disse a eles que ia ficar aberto até o fim, e toparam”, afirma Sturm. “Existe uma possibilidade de dar certo, apesar de pequena. Acho muito difícil, porque fizemos uma oferta no limite. Estamos tentando descobrir alguma solução, algo que possa ser atrativo para o proprietário.”
Enquanto isso, o Conpresp, Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, continua elaborando um parecer sobre a validade do tombamento do prédio que abriga o cinema. O processo tem previsão de durar 90 dias e, nesse meio tempo, a fachada do imóvel não pode ser alterada.
O fechamento do Belas Artes veio a público no início de janeiro. O dono do imóvel havia decidido não renovar o contrato do cinema para dar lugar a uma loja. A notícia mobilizou multidões na internet e cinéfilos se mobilizaram para evitar o pior – foram realizadas passeatas e abaixo-assinados virtuais. A causa ganhou adeptos famosos como o ex-governador José Serra, o prefeito Gilberto Kassab e os secretários estadual e municipal de Cultura, Andrea Matarazzo e Carlos Augusto Calil.
Fundado em 1943, o Belas Artes tornou-se, a partir de 1967, referência de cinema de arte na cidade de São Paulo. Por exibir obras de cineastas consagrados numa programação diversificada, foi ponto de encontro da cena cultural da época e celeiro de ideias para toda uma geração de realizadores, em especial do chamado cinema marginal. Desde 2003, a sala está a cargo dos sócios Pandora e O2 Filmes.
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