Pirarucu

25/03/2011 16:47

 A canoa, silenciosa, corta as águas de um lago marginal do rio Solimões. Parece riscar um espelho, tamanha é a calmaria, numa manhã sem vento. Nela, o pescador João Sampaio, como milhares de outros ribeirinhos da Amazônia, sabe que silêncio, paciência, equilíbrio e, sobretudo, atenção são fundamentais para quem deseja arpoar um pirarucu. 

O espelho d’água pouco a pouco parece trincar, aqui e ali, a cada subida dos pirarucus para tomar ar na superfície. Os olhos atentos do ribeirinho observam. Na verdade, selecionam o exemplar de maior tamanho. Feita a escolha, o pescador aproxima a canoa da área onde o peixe está “buiando”, como preferem dizer. Agora é só uma questão de tempo: se o peixe não percebeu a aproximação, em 20 minutos irá por a cara para fora para respirar. 

Dito e feito! Numa fração de segundos o peixão respira e mergulha. O arpão é atirado pouco à frente do ponto em que ele respirou e atravessa a armadura do maior peixe de escamas de água doce do mundo. É o começo de uma das lutas mais antigas entre o homem amazônico e a vida selvagem. Com a linha na mão, o caboclo sente a força do peixe que arrasta a canoa. E é exatamente esse esforço que irá cansá-lo…  

Vinte minutos de luta e um pirarucu de 80 kg bóia ao lado da canoa. O gigante das águas amazônicas é morto com pancadas na cabeça e embarcado. 

Todos os dias essa cena se repete na Amazônia. Desde a colonização pelos portugueses e com a adoção do arpão de aço, o pirarucu viu o homem se transformar num predador eficiente. Até então, flechas e lanças indígenas não eram tão eficientes para perfurar a forte armadura de escamas. 

Apesar de bruta, a pesca com arpão nunca ameaçou a espécie, segundo Geraldo Bernardino, secretário de Pesca do Estado do Amazonas. “Além de artesanal é seletiva: o peixe maior é escolhido e cada canoa captura três exemplares, no máximo”, diz. Não há tempo para se arpoar mais do que isso num dia. Arpoar um pirarucu é para poucos ribeirinhos experientes e a pequena canoa não suporta carregar mais de 150 kg de peixe. 

Por mostrar a cara na superfície, provavelmente o pirarucu foi um dos primeiros peixes cobiçados pelos colonizadores da Amazônia. A técnica de cortá-lo em “mantas” e salgá-lo para conservação da carne deu ao peixe o apelido de bacalhau de água doce. Com a facilidade da conservação, no início a carne do pirarucu garantiu a sobrevivência dos pioneiros na Amazônia e depois se tornou um hábito alimentar enraizado na cultura da região. Um costume que cresceu e ainda cresce na mesma proporção da população. 

Atender à demanda crescente através da pesca seletiva com arpão logo se tornou improdutivo e as redes ganharam destaque, pela eficiência. Mas o que garantiu a produção do pescado nos primeiros anos também levou a espécie à extinção local, em alguns lagos, no final do século 20. Em especial, a prática de cercar os lagos com redes de malhas finas e tocar os peixes na direção delas, batendo com varas na água, praticamente retira todo o pescado, sem distinção de tamanho, deixando aquelas águas despovoadas. Isso retarda a recuperação natural dos estoques, em alguns casos, até inviabilizando a reposição das espécies maiores ou mais sensíveis. 

Cientificamente conhecido como Arapaima gigas, o pirarucu tem o nome comum derivado de sua coloração vermelha, numa mistura das palavras em tupi: pira (peixe) e urucu (a semente usada para pinturas corporais e coloração de alimentos). Entre os estudiosos, é considerado um peixe pré-histórico. E não há nenhum exagero nisso: a origem da espécie remonta ao tempo em que a América do Sul e a África formavam um só bloco continental – Gondwana ou Pangea – há cerca de 190 milhões de anos. 

O gênero Arapaima tem só duas espécies no mundo: o pirarucu e o heterotis (Heterotis niloticus). Separadas pelo Oceano Atlântico com o afastamento dos dois continentes, as duas espécies desenvolveram características próprias: o pirarucu vive na Amazônia, chega a 3 metros de comprimento e 200 kg de peso. O heterotis vive entre o Sahel e o Sudão, chegando até a bacia do Nilo, no leste da África. Atinge 1 m de comprimento e 10 kg de peso e tem a cara achatada. Ambos possuem uma “língua de osso” que originou o nome da ordem a que pertencem, Osteoglossiformes, do grego osteon=osso e glossa=língua. 

A singularidade das duas espécies se estende a essa ordem, que inclui apenas 6 espécies: os 2 aruanãs do Brasil (Osteoglossum bicirrhosum e O. ferreirai) e mais 4 peixes do gênero Scleropages, da Austrália e Ásia. Difícil é acreditar que somente 300 anos de contato com o homem foram suficientes para levar tão perto da extinção um peixe único, tido como um fóssil vivo. 

A ameaça de extinção do pirarucu levou o Ibama a proibir a pesca em 1996. Hoje existe um defeso de primeiro de dezembro a 31 de maio para o Acre, Amapá, Amazonas e Pará; primeiro de novembro a 30 de abril para Rondônia e primeiro de março a 31 de agosto para Roraima. No Araguaia e Tocantins, o defeso vai de primeiro de outubro a 31 de março. A proibição ajudou a espécie se recuperar, mas não tanto quanto se esperava, uma vez que a pesca ilegal continuou. Por outro lado, serviu de estímulo à pesquisa sobre reprodução e criação em cativeiro. E o velho peixe, pouco a pouco, vem revelando seus segredos aos pesquisadores. 

Para Geraldo Bernardino, o pirarucu não tem apenas um passado gigantesco, tem um futuro ainda maior. Bacalhau de água doce tende se tornar o apelido do passado. No presente, melhor seria chamá-lo de boi de escamas e, no futuro, de peixe revolucionário. O potencial da espécie é transformar a piscicultura em pecuária aquática e revolucionar até as estruturas sociais da Amazônia. 

Algumas mudanças já estão em curso. Até pouco tempo atrás, o interior da Amazônia era terra-sem-dono. Barcos pesqueiros das grandes cidades entravam em qualquer lago e dele retiravam o que podiam, largando um rastro de filhotes e peixes não comerciais nas margens. Nos lagos de Mamirauá, no Amazonas, por exemplo, as comunidades ribeirinhas pescavam e vendiam o pescado aos barcos geladores por qualquer preço, estipulado à conveniência dos compradores. O prejuízo se refletia nos lagos, cada dia com menos peixes. 

A partir de um projeto desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa de Mamirauá, ligado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e várias instituições pesqueiras nacionais e internacionais, a expressão ‘desenvolvimento sustentável’ adquiriu sentido. Os lagos passaram a ser vigiados pelos ribeirinhos e o acesso, controlado, enquanto o manejo conta com planejamento de engenheiros de pesca. O resultado surpreende.
O engenheiro de pesca José Maria Damasceno conta, com entusiasmo, a experiência que viveu durante 3 anos. “Chego a me arrepiar quando falo nisso. Os trabalhos começaram em 1999 e Mamirauá tinha 2.500 pirarucus. Em 2003, quatro anos depois, a população passou para 15 mil pirarucus!”.

Milagre da multiplicação dos peixes? Não. Uso consciente do recurso natural, pesca na época certa, respeito ao estoque e ao tamanho mínimo (1,5 m) e abolição da malhadeira na quebra da água para não espantar os peixes. Os peixes não surgiram do nada, ocorreu o chamado recrutamento, quando peixes migram de um lago para outro. Mas sem as condições dadas, eles não teriam repovoado o lago, estabelecendo uma população com capacidade de se reproduzir e manter alto o estoque.

Mamirauá deve produzir, este ano, 5 mil peixes ou 140 toneladas de mantas – o ‘filé’ do pirarucu – de valor estimado em R$ 1 milhão. Isso é cerca de 80 vezes mais do que os R$ 12 mil que a mesma comunidade faturou em 1999, há apenas 5 anos atrás, com a venda de 3 toneladas de pirarucus pescados nos mesmos lagos, antes do manejo!

O desempenho econômico rendeu prêmios ao Projeto Mamirauá, mas a principal conquista está no controle da produção, por parte dos ribeirinhos. A pesca nos lagos só é permitida aos moradores. Qualquer um que deseje pescar naquelas águas tem que fixar residência na área. Há exceções, mas os pescadores de fora têm que respeitar as regras de manejo. As exigências espantaram da região os pescadores predadores.

O resultado é que o nível de vida das comunidades subiu, hoje várias casas têm antenas parabólicas, geladeira, e energia por trás de tudo. Agora eles se organizam para a compra de um barco gelador para transportar o pescado aos grandes centros, eliminando a figura do atravessador.

Em toda região amazônica, o pirarucu vive hoje três realidades diferentes: onde a pesca é abusiva, continua ameaçado; onde a pesca é consciente, o peixe é farto; e onde é bem tratado, o peixe do passado aponta para um futuro. A diferença dessas realidades está na atitude do homem: do que vive no passado, do que está no presente e daquele que acredita num futuro.

Seis meses em casa, seis meses viajando

A instalação de rádios-transmissores em 12 pirarucus de Aritapeva e em outros 12 de Tapera, no Pará, permitiu ao pesquisador Marcelo Crossa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAAM), constatar a migração da espécie. O pirarucu é considerado sedentário e territorialista, mas ainda assim ‘visita’ outras áreas do rio em que habita, durante 6 meses ao ano. 

O monitoramento com rádio telemetria é realizado desde 2000, nas duas comunidades, que ficam a uma hora e meia de voadeira, a partir de Santarém (PA). Na cheia, os pirarucus deixam os lagos e migram, rio acima, permanecendo fora de ‘casa’ durante seis meses. Na vazante, retornam com precisão ao lago de origem. “Todos os peixes acompanhados por rádio voltaram ao lago de onde partiram”, afirma Crossa. Ele também encontrou evidências de intercâmbio genético, ou seja, os peixes adultos de um lago cruzam com os das áreas visitadas. Mesmo assim, a população não apresenta grande variabilidade genética, o que pode ser um ponto fraco da espécie na luta de longo prazo pela sobrevivência. 

O estudo prova que a dinâmica dos estoques de pirarucu depende tanto da reprodução como da migração. Mais: a presença e quantidade de pirarucus num lago é diretamente proporcional à oferta de alimento. Como se trata de um peixe carnívoro, predador do topo da cadeia alimentar, essa relação direta ressalta a importância de se respeitar todas as espécies de peixes, incluindo aquelas sem valor comercial para o homem. Conhecendo melhor os hábitos do pirarucu, os ribeirinhos hoje podem criá-lo no ambiente natural, concentrando-se no manejo ou, em outras palavras, respeitando os ciclos da natureza. 
 O cálculo da quantidade de pirarucus de pesca autorizada, em cada lago, por exemplo, é feito a partir de uma contagem visual. Olhos e ouvidos experientes são as ferramentas dos ribeirinhos para distinguir até o sexo do pirarucu, através da observação de tamanho, coloração e do barulho que fazem na superfície. A margem de acerto chega a 90%. Assim, é possível estabelecer cotas de pesca sustentáveis, com um equilíbrio entre o número de fêmeas e machos e da quantidade de casais em fase de reprodução. 

Já para quem não tem a experiência cabocla, a ciência pretende resolver a questão com um teste, por enquanto restrito a laboratórios de pesquisa. “Como as fêmeas de pirarucu têm uma proteína específica no muco das escamas é só colher um pouco do muco, misturar duas gotas de um anticorpo numa lâmina. Se aglutinar (coalhar) o peixe é fêmea”, conta Maria Inês Borella do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. A idéia é produzir um kit comercial desse teste para uso dos criadores.

Alto rendimento, grandes desafios

Se nos lagos da Amazônia o manejo se mostra suficiente para garantir a produção, em lagos artificiais a criação em cativeiro é promissora, apesar dos desafios. O pirarucu não é só recordista em tamanho, é também o peixe de água doce que atinge o maior peso em menos tempo. Pode engordar 10 kg em um ano. 

João da Silva, ex-pecuarista e atual criador de pirarucus em Manacapuru, no Amazonas, exibe números impressionantes: em um hectare, ao final de 2 anos, ele produz 20 toneladas de pirarucu. Se ao invés de um lago tivesse um pasto com o mesmo tamanho teria engordado apenas um boi e obtido 150 kg de carne. “Nunca mais quero saber de gado” afirma, sem nenhuma dúvida. 

Um fator importante para tal rendimento é a possibilidade de colocar, em um hectare, até 1.000 peixes, sem ter que se preocupar com o teor de oxigênio da água, já que o pirarucu respira na superfície. 

Por trás dos números, no entanto, persistem alguns desafios. As técnicas de reprodução de peixes, através da desova induzida com a injeção de hormônios, garantem a reprodução em cativeiro de várias espécies, porém não funcionam para o pirarucu. Sem a desova induzida, não há como produzir alevinos em grande quantidade para os criadores. 

A pesquisadora Rossana Venturieri não vê isso como um obstáculo para a criação. Por se tratar de um peixe lêntico, ou seja, que vive em águas lentas, o pirarucu desova de forma parcelada, constrói ninho e cuida da prole. “Se as matrizes são colocadas num tanque, elas se reproduzem sozinhas e então é só capturar os alevinos”, diz Rossana. Desde 1995, ela trabalha no projeto Arapaima, no município de Almeirim, no norte do Pará, onde há mais de 500 km de canais para irrigação e drenagem construídos no antigo Projeto Jari, para produzir arroz. Hoje, nos canais, vivem milhares de pirarucus. E a pesquisadora estudou 30 casais, separados em viveiros. 

No período de reprodução natural, no Amazonas – de janeiro a maio – cada casal produziu, em média, 4 mil alevinos. Um mês e meio depois de aparecerem na superfície para respirar, os filhotes foram retirados do tanque dos pais e o mesmo casal desovou de novo. “A segunda desova, na maioria das vezes, é maior que a primeira”, afirma Rossana. Ela acredita que esse número pode aumentar ainda mais, dependendo do manejo. Se a primeira desova for transferida para uma incubadora, por exemplo, a segunda desova pode ocorrer ainda mais rápido. 

Já para Geraldo Bernardino, apesar do pirarucu desovar espontaneamente é necessário dominar a tecnologia de reprodução induzida da espécie, já que um casal pode reproduzir até três vezes num ano, no ano seguinte reproduzir uma vez só e depois simplesmente não reproduzir. “Sem a reprodução induzida, não há como garantir a estabilidade da produção. E a criação ainda sofre a concorrência dos aquários, pois milhares de produtores querem alevinos para vender como peixes ornamentais, a um preço que varia de 5 a 10 dólares”, comenta. 

Desafio ainda maior do que a reprodução é encontrar uma fórmula de ração capaz de assegurar o crescimento do peixe com o melhor aproveitamento do seu potencial. Para um pirarucu de cativeiro engordar um quilo, atualmente precisa consumir 2,5 kg de ração. Um tanque com um hectare e mil peixes pode produzir 20 mil kg em 2 anos. Porém demanda 50 mil kg de ração. O custo do insumo pode corroer o lucro da produção do peixe. 

A maioria dos criadores de pirarucu, hoje, na Amazônia, usa outros peixes forrageiros para engordar os “bois de escamas”. A taxa de conversão entre o alimento oferecido e a engorda do pirarucu é ainda mais baixa, em média 6 kg de peixe para um quilo de crescimento. Só compensa porque o custo dos peixes forrageiros na Amazônia é mais baixo que o da ração. Vale lembrar que um quilo de filé de pirarucu varia entre 10 e 15 reais, nos supermercados da região. 

A baixa taxa de conversão de ração em proteína animal não é um desestímulo, mas sinal de que há necessidade de muita pesquisa. No vizinho Chile, a produção de salmões começou com o mesmo problema e agora já existem rações desidratadas com um aproveitamento fantástico: 700 gramas de ração para cada quilo de pescado produzido.

Segredos de cativeiro

Laerte Alves*

Nos últimos 20 anos, a captura do pirarucu sofreu redução drástica, evidenciando a erosão dos estoques naturais. Das 1.751 toneladas pescadas em 1984, o total caiu para 310 toneladas em 1988 e 207 toneladas em 1996. A pesca está proibida no Amazonas desde 1996 para quem não faz manejo, porém não existe uma avaliação da recomposição dos estoques, já que não há estimativas atuais de captura. 

De qualquer forma, uma maneira de atenuar a pressão de captura em ambiente natural é o desenvolvimento e divulgação de tecnologias de criação em cativeiro. A oferta crescente de pescado oriundo de cultivo, aliada à qualidade desejada pelo mercado, acaba por desestimular a captura, tornando a atividade extrativista economicamente menos interessante. 

Para viabilizar a criação é importante caracterizar a espécie geneticamente e dominar as técnicas de reprodução, a fim de se estabelecer um plano de manejo e conservação. Além disso, é preciso elaborar dietas apropriadas para todas as fases de criação; conhecer a tolerância da espécie às variáveis ambientais, físicas e químicas; identificar os principais parasitas e as formas de prevenir ou tratar doenças. 

Como existem poucos trabalhos de pesquisa em relação ao pirarucu, no Brasil, com exceção de alguns estudos pontuais, o Centro Nacional de Pesquisa de Peixes Tropicais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Cepta/Ibama) mantém, desde 2002, um projeto para gerar tecnologia de manejo e oferecer oportunidades econômicas para o produtor. O projeto vem sendo executado nos municípios de São Miguel do Araguaia (GO), Presidente Figueiredo e Manacapuru (AM). 

No início da vida, conforme observações de campo, os alevinos de pirarucu alimentam-se de zooplâncton, vermes aquáticos, pequenos peixes e crustáceos. Em cativeiro, o hábito alimentar é alterado e eles recebem ração inerte, própria para peixes carnívoros. Em 6 meses, seu peso varia de 1,8 a 4 kg. É um sinal de que a espécie tem potencial para a criação, mas ainda é preciso minimizar essa heterogeneidade.

De qualquer forma, os experimentos do Cepta demonstram ser possível trocar o alimento utilizado em criações do norte do país, onde se utilizam peixes forrageiros no lugar de ração. Sobretudo porque o uso da tilápia-do-Nilo, por exemplo, constitui sério risco para o meio ambiente. A tilápia é uma espécie exótica e se for solta, mesmo por acidente, pode se tornar invasora, com prejuízo para as espécies nativas. 

Os pirarucus capturados em ambiente natural apresentam altas infestações de parasitas e precisam receber os tratamentos usuais de criações de peixes. Na engorda, ainda devem ser protegidos por redes de cobertura, aguapés e cercas ao redor dos viveiros, para evitar exposição ao ataque de inimigos naturais, como jacarés, jaburus, morcegos e lontras. 

Sessenta pirarucus adultos, capturados em operações de salvamento durante a seca, estão em estudo quanto à reprodução espontânea e artificial. Com o domínio da tecnologia reprodutiva da espécie em cativeiro, no futuro não será mais necessária a captura de alevinos no ambiente natural, regularizando a oferta e diminuindo a pressão de captura. 

O projeto do Cepta ainda promove o desenvolvimento social e econômico das comunidades ribeirinhas, através de cursos de técnicas de criação do pirarucu e de educação ambiental, evidenciando a importância da preservação dos recursos naturais existentes, no hábitat em que o pirarucu está inserido.

fonte: Terra da  Gente

*Laerte Alves é diretor do CEPTA/ICMBio