27/03/2011 10:38
Gravações revelam em áudio e vídeo que vereadores de Sorriso (a 420 km de cuiabá) cobraram R$ 400 mil do prefeito Chicão Bedin (PMDB) para aprovar as contas do município referentes a 2009. Eles exigiram até “mensalinho” de R$ 3 mil, emprego para amigos e pagamento de parcelas de automóveis particulares para também arquivar investigações contra o município.
As gravações foram feitas em novembro e dezembro por 2 pessoas: Santinho Salermo, secretário de Esporte de Sorriso, e Zilton Mariano de Almeida, ex-secretário municipal de Administração e atual procurador do município. Eles gravaram conversas com vários vereadores que demonstram o descaso com o qual é tratado o dinheiro público na cidade.
Em uma das gravações feitas em 30 de novembro, Santinho conversa com o vereador Gerson Luis Franco “Jaburu” (PR), que pede R$ 20 mil em propina para cada parlamentar para que eles votem favoráveis ao prefeito e tenham um final de ano “mais gordo”. Jaburu chega a ironizar o assunto e cita nome de outros parlamentares que não participaram do diálogo.
O caso vem sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) através de um inquérito civil conduzido pelo promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour Cesar, que iniciou a investigação depois de receber as gravações. Ele promete se manifestar sobre o caso, no entanto, apenas no fim das apurações.
A vereadora Roseane Marques Amorin (também do PR) mantém outro diálogo no dia 3 de dezembro passado que mostra onde poderia ser aplicada parte do dinheiro do município. Ela pede a Zilton uma espécie de mensalinho de R$ 3 mil para votar favorável ao governo, além do pagamento de 3 parcelas vencidas de um financiamento de um automóvel dela e emprego para um amigo com salário de aproximadamente R$ 1,5 mil.
As gravações foram feitas no final de 2010, ou seja, poucos dias antes da reprovação do balanço financeiro do município referente ao ano de 2009, o que tornou Bedin inelegível por 8 anos apesar de ter parecer favorável do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Aliados do prefeito garantem que a decisão dos parlamentares se deu porque as negociações não foram levadas adiante.
O envio das gravações ao MPE gerou uma nova queda-de-braço em Sorriso. O prefeito garante que os aliados foram procurados inicialmente pelos vereadores e teriam levado adiante os grampos para comprovar a extorsão dos parlamentares que chegaria ao total de R$ 1 milhão.
Jaburu diz que ele sim foi procurado por aliados do prefeito que teriam oferecido dinheiro para que as investigações avançassem. As contas de 2009 do município foram reprovadas em fevereiro com voto de 8 dos 10 vereadores de Sorriso, município conhecido pelo potencial econômico movido pelo agronegócio.
Outro lado – Bedin garante que só vai comentar o assunto depois do MPE se pronunciar sobre o caso. Diz ainda confiar que a Justiça vai esclarecer o que alguns vereadores têm feito nos bastidores nos últimos meses.
A vereadora Roseane não retornou as ligações da imprensa para comentar o assunto. Jaburu também não retornou. Em recente entrevista, ele disse que tentou levar adiante as conversas porque os demais vereadores teriam pedido provas concretas de que o prefeito ofereceu dinheiro através de aliados para comprar os parlamentares. “Quem fez toda essa armação fui eu. Falei para alguns vereadores que pessoas ligadas ao prefeito teriam oferecido dinheiro para aprovar as contas do município. Me pediram mais provas antes de tomarmos alguma providência e comecei a tratar do assunto com assessores do prefeito. Foi então que eles vieram com essa sacanagem para me prejudicar, porque reprovamos as contas deles devido a tantas falcatruas”.
O vereador Francisco das Chagas Abrantes (PR), que também teve conversas com Santinho Salermo gravadas, pediu ao promotor Carlos Roberto Zarour César que tenha acesso aos diálogos. Garante que, com isso, vai mostrar que não tentou extorquir o prefeito e nem participou das negociatas.
fonte: Vg Noticias