01/04/2011 07:28
Os servidores de Várzea Grande terão que comparecer à prefeitura para receber o salário de março. Segundo o prefeito interino de cidade, vereador João Madureira (PSB), esta é mais uma medida para “pegar” possíveis funcionários-fantasmas. “Agora, será ‘cara-crachá’ para receber”, disse o prefeito.
Alguns servidores já estão insatisfeitos com o atraso, já que o prefeito licenciado Murilo Domingos (PR) pagava ainda dentro do mês, todo dia 30. A previsão de Madureira é começar a pagar a partir de segunda-feira. A prefeitura tem em torno de seis mil servidores, entre efetivos e comissionados.
Os servidores terão que se apresentar. O número de registro e nome serão conferidos na lista. Madureira diz que o pagamento está dentro do prazo. Ele explica que vai demorar uns dias a mais do que o normal na prefeitura porque teve que conseguir as folhas de cheque no banco. Normalmente, o pagamento é feito direto em conta corrente de cada servidor. “Tenho certeza de que folhas de cheque vão sobrar, porque tem gente que não vai ter coragem de vir aqui receber”, disse o prefeito interino.
Questionado sobre eficácia do método, pois nada impede que possíveis servidores que não trabalham compareçam à prefeitura para informar que estão na folha salarial, Madureira disse que os secretários vão saber quem trabalha ou não.
João Madureira assumiu a prefeitura de Várzea Grande no começo de março, quando a Câmara Municipal aprovou o afastamento de Murilo Domingos e do vice, Tião da Zaeli (PR), para que denúncias de irregularidades da gestão fossem apuradas. Uma comissão processante, formada por três vereadores, está analisando documentos e também a defesa dos dois. A comissão, formada por Isabela Guimarães (DEM), como presidente, Fábio Saad (PTC), como relator, e Hilton Gusmão (PV), tem como base as irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que reprovou as contas de 2009 de Murilo e Tião.
Como na ausência do prefeito e vice quem assume o comando do Executivo é o presidente da Câmara, Madureira se tornou o novo prefeito. Assim que entrou, alardeou que a prefeitura estava cheia de irregularidades e que tinha mais de mil funcionários-fantasmas.
No entanto, ele não conseguiu provar ou dispensar esse número todo de servidores que supostamente receberiam sem trabalhar. Ele demitiu pouco mais de 300 comissionados, mas recontratou novamente cerca de 150. Madureira chegou a fazer piada com situação. Disse “que ninguém podia entrar na prefeitura à noite porque ela estava cheio de fantasmas”.
Murilo Domingos busca na Justiça o retorno ao cargo, mas por enquanto, na Justiça estadual, teve negados os pedidos de volta. A comissão processante pode sugerir a cassação ou o arquivamento do processo, que deve ser votado pelos 13 vereadores.
Enquanto isso, Madureira já promoveu uma reforma administrativa. Demitiu praticamente todos os secretários de Murilo. Ele ficou apenas com os vereadores que eram secretários. Numa solução caseira, Madureira indicou também secretários-adjuntos e servidores de carreira para o comando das pastas.