Etanol: preço é reduzido na bomba

07/05/2011 09:26

Alguns postos de combustíveis de Cuiabá e Várzea Grande iniciaram ontem pela manhã um movimento inverso ao que o consumidor estava acostumado a ver desde o início do ano. Ao invés de aumentar, reduziram em cerca de 10% o preço de bomba do etanol hidratado. Revendas que estavam com o litro entre R$ 2,25, R$ 2,26 até R$ 2,29 baixaram para R$ 2,05 (a maioria), mas há quem tenha ficado em R$ 2,06. Com a redução de cerca de R$ 0,21 por litro, o derivado da cana-de-açúcar volta a ser competitivo nas duas cidades.

Até o meio da tarde de ontem, a maior adesão ao novo preço era dos postos de bandeira branca, aqueles que não exibem uma marca exclusiva de combustíveis e estão livres no mercado para comprar de qualquer distribuidora.

Para haver vantagem no uso do etanol em detrimento da gasolina, o valor do primeiro deve representar no máximo 70% do segundo, já que o etanol rende menos por quilômetro rodado. Com o litro da gasolina em média a R$ 2,96, o atual valor de bomba do etanol (R$ 2,05) atinge 69% da margem de comparação entre os combustíveis. Num cenário de etanol a R$ 2,29, por exemplo, o preço representava 77% do valor da gasolina e, portanto, acima do teto desejável na comparação econômica. Para saber se vale à pena abastecer com o etanol, basta dividir o atual preço do litro pelo valor da gasolina.

A redução, conforme o mercado, reflete o fim o período de entressafra da cana. Com maior oferta de etanol, a tendência é de que os preços iniciam trajetória descendente de agora em diante. Neste preço, o litro retoma médias que vigoravam em meados de março. Deste mês em diante, os preços atingiram níveis históricos, chegando a R$ 2,35, até se acomodarem entre R$ 2,26 a R$ 2,29.

De acordo com a assessoria do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo), a redução do preço de bomba do litro do etanol segue o repasse feito pelas distribuidoras que estão comprando combustível da nova safra.

USINA – O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool/MT), Jorge dos Santos, aponta que 80% das usinas estão em atividade. “Os trabalhos neste ano foram retomados no dia 1° de abril. Apenas duas usinas restam, mas já nesta primeira quinzena estarão em operação, a Barralcool e a ETH Bioenergia. De agora em diante é a lei do mercado quem vai ditar as regras e o preço deverá ficar cada vez mais acessível”. Santos frisa também que nunca houve motivos para a ascensão do preço do etanol no nível observado na Capital, por exemplo, “já que jamais houve carência do produto”. Na avaliação dele, “estava demorando para que a redução chegasse ao consumidor”.

ESTOQUES – Criticando a falta de apoio do governo federal ao setor, Santos lembra que depois de três meses paradas as usinas entram com força neste momento, precisam fazer caixa e por isso a oferta será desmedida neste início de safra, o que sempre reduz o valor do litro ao produtor. “Sem estoques reguladores, o segmento estará sempre nesta gangorra e sujeito a pressão do mercado”. No início do mês, a presidente Dilma Rousseff editou medida provisória que insere o etanol dentro da Política Energética Nacional. A partir de agora o derivado da cana passa a ser regulado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “O Sindálcool é favorável a esta mudança e esperamos que a ANP atue para formar estoques estratégicos”.

PRODUÇÃO – A produção de etanol deverá atingir 900 milhões de litros no ciclo 10/11, em Mato Grosso, incremento de 5,88% em relação à ultima safra (850 milhões/l), segundo projeção divulgada em abril pelo Sindálcool. No total, serão esmagados 14,20 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, crescimento de 4,41% na comparação com a safra anterior (13,60 milhões/t). A proporção da safra será de 73% para o etanol e 27% para o açúcar.

fonte: Diario de cuiabá

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