Al Qaeda acusa EUA de divulgarem imagens falsas de Bin Laden

10/05/2011 09:34

Um vídeo da Al Qaeda disponibilizado na internet nesta terça-feira acusa o governo dos Estados Unidos de ter divulgado imagens falsas do líder da rede terrorista, Osama Bin Laden, nas quais ele aparece envelhecido e assistindo televisão.

“É preciso ficar atento: os Estados Unidos mentem”, afirma o site Shumuj al Islam, que costuma publicar vídeos da Al Qaeda.

“O vídeo é uma resposta ao difundido pelos meios de comunicação árabes e estrangeiros que mostra Osama Bin Laden assistindo televisão”, aponta o site.

O vídeo da Al Qaeda destaca diferenças, em particular nas orelhas e olhos, entre Bin Laden e o homem que aparece nas imagens divulgadas pelos Estados Unidos. Nas imagens difundidas após a morte em uma ação americana, Bin Laden aparece de lado com uma barba branca.

O governo americano informou que o comando que matou Bin Laden no dia 2 de maio apreendeu cinco vídeos e diversos documentos na casa em que ele vivia em Abbottabad, no Paquistão.

Ontem, o braço iraquiano da Al Qaeda prometeu apoio a Ayman al Zawahiri — o “número dois” da rede terrorista– e disse que pretende cometer atentados para vingar a morte de Bin Laden.

Em nota divulgada em um fórum islâmico na internet, o califa do Estado Islâmico do Iraque (EII), Abu Baker al Baghdadi al Husseini al Qurashi, lamentou a morte de Bin Laden, durante uma ação militar dos EUA no Paquistão.

‘Eu digo aos nossos amigos na organização Al Qaeda, e no topo dela ao xeque mujahid (combatente) Al Zawahiri (…): alegrem-se vocês têm homens leais no Estado Islâmico do Iraque, que estão seguindo o caminho correto e não vão desistir nem serem expulsos’, disse ele na nota.

A EII, também conhecida como Al Qaeda do Iraque, é o primeiro grupo ligado à rede a manifestar publicamente seu apoio a Zawahiri, suposto sucessor de Bin Laden.

Zawahiri, um médico egípcio, conheceu Bin Laden na década de 1980 no Paquistão, onde ambos davam apoio aos guerrilheiros que combatiam os soviéticos no Afeganistão. Seu paradeiro atual é desconhecido.

Em outra nota, o EII assumiu a responsabilidade por um atentado contra um prédio da polícia na localidade xiita de Hilla, onde mais de 20 pessoas morreram.

EUA REJEITAM DESCULPAS

Os Estados Unidos afirmaram nesta segunda-feira que não há motivos para se desculpar pela operação secreta de um comando militar que matou Osama bin Laden no Paquistão. A declaração veio horas depois do primeiro-ministro paquistanês criticar o “unilateralismo” da ação americana

“Não nos desculpamos pela decisão que o presidente [Barack Obama] tomou”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, ressaltando que Washington levou a sério as queixas do Paquistão.

Ele afirmou que Obama estava convencido de que tinha o “direito e o dever” de ordenar o ataque, realizado por uma equipe de elite da Marinha americana. Carney lembrou ainda que o presidente prometeu ainda na campanha que iria agir para pegar Bin Laden no Paquistão, se necessário.

Carney também afirmou que os Estados Unidos ainda estão buscando cooperação de Islamabad para ter acesso às três viúvas do líder da Al Qaeda que se encontram sob custódia do Paquistão e podem ter informações vitais sobre o grupo terrorista.

“Nós acreditamos que é muito importante manter uma relação de cooperação com o Paquistão, precisamente porque é de nosso interesse de segurança nacional fazê-lo”, disse Carney em entrevista a jornalistas.

PAQUISTÃO INVESTIGA

Também nesta segunda-feira, o governo do Paquistão anunciou que irá permitir que os EUA interroguem três viúvas de Osama bin Laden, de acordo com a emissora de TV CNN.

O ministro paquistanês do Interior, Rehman Malik, afirmou que soube da operação apenas 15 minutos após seu início e que nem ao menos sabia do que se tratava.

Em seu discurso ao Parlamento, o primeiro-ministro paquistanês, Yousuf Raza Gilani, criticou “os riscos inerentes ao unilateralismo” dos EUA, mas reconheceu a “grande importância” das relações com o país”.

Gilani anunciou ainda que investigará a presença de Bin Laden no Paquistão. “Estamos decididos a chegar ao fundo de como, quando e porquê da presença de Osama bin Laden em Abbottabad (cidade onde estava escondido e foi morto por tropas americanas). Ordenamos uma investigação’, afirmou Gillani em discurso em inglês no Parlamento paquistanês.

O primeiro-ministro lembrou ainda que o Paquistão não é “o local de nascimento da Al Qaeda”, e justificou seu argumento ao se referir aos “voluntários árabes” que na década de 90 se uniram e desenvolveram a organização terrorista.

Fonte:Folha.com

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