19/05/2011 09:38
Uma gravação áudio, alegadamente feita por Bin Laden pouco antes de morrer, foi hoje colocada em vários sites islamitas da internet. No registo, com mais de 12 minutos de duração, o falecido líder da Al-Qaeda elogia as revoluções na Tunísia e no Egito, e fala de “uma rara oportunidade histórica” para que os muçulmanos se revoltem.
O braço mediático da al-Qaeda, As-Sahab, refere Bin Laden como o autor da mensagem e chama-lhe “mártir do islão”.
A data do calendário islâmico que acompanha o áudio mostra que foi gravado entre 4 de Abril e 2 de Maio, a data em que os comandos americanos atacaram o edifício onde vivia Bin Laden, em Abbotabad no Paquistão.
No áudio a alegada voz de Bin Laden apela, em termos poéticos, à solidariedade entre os muçulmanos e refere-se às revoluções na Tunísia e no Egito, mas não faz qualquer referência aos acontecimentos na Líbia, Síria e Iémen.
“Há diante de vós um importante cruzamento, e uma grande e histórica oportunidade de vos erguerdes, com a Umma (comunidade islâmica), e de vos libertardes da servidão aos desejos dos governantes, das leis feitas pelos homens e da dominação ocidental”, diz a voz atribuída a Bin Laden.
“Por que esperam então? Salvem-se e aos vossos filhos porque a oportunidade está aí” conclui.
Alegada mensagem antecede o discurso de Obama
A mensagem cobre tópicos semelhantes aos de uma outra que foi encontrada no complexo onde vivia Bin Laden. A al-Qaeda escolheu difundi-la um dia antes da data prevista para um importante discurso de Barack Obama dirigido ao mundo árabe.
No discurso, o Presidente dos EUA deverá anunciar uma revisão das suas políticas para o mundo árabe na sequência dos levantamentos populares que se verificaram em vários países da região.
Os analistas acreditam que a al-Qaeda foi apanhada de surpresa pela vaga de revoluções árabes, que começou em janeiro na Tunísia e se estendeu ao Egito, derrubando os governantes que desde há décadas governavam os dois países.
Embora tanto a al-Qaeda como o Ocidente apoiem estas revoluções, mas com objetivos opostos. Os países ocidentais esperam que as insurreições levem a reformas democráticas, enquanto a al-Qaeda quer ver surgir novos governos baseados na sua interpretação particular da lei islâmica.
Fonte:RTP