Embargo russo causa prejuízo mensal estimado em US$ 20 milhões em MT

07/06/2011 09:43

O setor bovino vai arcar com 78% desta perda e deverá deixar de receber cerca de US$ 15 milhões mensais, enquanto a cadeia de suínos deixará de comercializar US$ 4,4 milhões. Nos 4 primeiros meses deste ano o Estado embarcou 19,5 mil toneladas de carnes, o que movimentou US$ 81,387 milhões somente no mercado russo.

 Perdas mato-grossenses são estimadas com base na média comercializada entre janeiro e abril de 2011, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Comparando com o mesmo período de 2010, Mato Grosso incrementou em 40% as vendas com a Rússia e a quebra desta relação pode ter impactos negativos com reflexos em toda cadeia produtiva. Há um ano, o setor movimentou US$ 57,7 milhões, dos quais US$ 43,275 milhões foram de carne bovina.

 Análise do economista especializado em Comércio Exterior, Vítor Galesso, aponta que os prejuízos deverão atingir todos os componentes do setor produtivo. Segundo ele, a carne tem um período de armazenamento limitado devido à perecibilidade e que por isso, as empresas não podem estocar. Com mais produto no mercado interno, os preços são reduzidos, prevê Galesso.

 Para o proprietário do frigorífico Celeiro, Marco Túlio Duarte Soares, mesmo não tendo relação comercial com a Rússia, o corte de 15 dias, inicialmente, na importação, irá prejudicar a empresa. “Com o estoque de produto os preços das empresas exportadoras caem e temos que reduzir os valores para manter a competitividade”.

 Impactos também devem sofrer os produtores rurais, que terão que vender mais barato para manter o ritmo. De acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, se a situação se confirmar e for estendida, a médio prazo atingirá o pecuarista não apenas com relação ao preço da arroba, que tende a cair, mas também com relação aos planos do setor. “Aqueles que faziam investimentos e apostavam no confinamento como alternativa para atender a demanda deverão repensar se este é o melhor momento para fazer aplicações”.

 Em meio a esta situação, Galesso alerta para que o país e Mato Grosso adotem duas novas condutas. A primeira, explica, seria a revisão mais frequente das medidas e análises sanitárias realizadas no segmento como forma de evitar novas retaliações por questões de qualidade.

 Porém, Galesso revela que o embargo russo pode ser consequência de uma jogada de mercado para redução de preços e que neste caso, o Estado deveria evitar a acomodação e buscar novos parceiros.

 De acordo com o economista, a estratégia russa estaria no rompimento dos atuais contratos e consequentemente a abertura de novas negociações, forçando as empresas brasileiras a reduzir os preços. “O governo terá que interferir para avaliar em que realmente está respaldada a restrição russa”.

Fonte:Portal do Agronegócio

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