Aeroportos seguem fechados em Argentina e Uruguai por vulcão

14/06/2011 11:00

O transporte aéreo do Cone Sul voltou a sofrer as consequência da erupção de um vulcão chileno nesta segunda-feira. A chegada de uma nova nuvem na noite de domingo forçou a suspensão das operações dos aeroportos da capital argentina, Buenos Aires, até pelo menos o início da tarde de terça-feira. As operações também foram canceladas no aeroporto de Montevidéu, Uruguai.

As principais redes de TV e sites de notícias argentinos dizem que as operações nos aeroportos da capital argentina foram suspensos por 30 horas desde o meio-dia desta segunda-feira. No domingo, 38 partidas e chegadas foram canceladas no aeroporto internacional de Ezeiza e no Aeroparque Jorge Newbery.

O fechamento dos aeroportos repercutiu principalmente no Chile e no Brasil, onde TAM e GOL cancelaram seus voos do Brasil para a Argentina e o Uruguai desde a noite de domingo. Além das duas empresas brasileiras, a chilena LAN e a argentina Aerolíneas também cancelaram seus voos.

A GOL informou que suspendeu os voos de e para as cidades de Buenos Aires e Rosário, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai, desde a noite de domingo. A TAM anunciou a suspensão de suas operações nos aeroportos de Buenos Aires e Montevidéu.

Cidades cordilheiras argentinas como San Carlos de Bariloche e Villa La Angostura estão cobertas pelas cinzas, que mudaram a cor das águas tradicionalmente azuis de seus lagos.

As duas cidades turísticas estavam praticamente vazias por causa do fechamento dos aeroportos, as aulas foram suspensas e a imprensa local disse que a população encontra dificuldades para conseguir combustível a poucos dias do início da temporada de inverno. As autoridades decretaram emergência agropecuária na região em consequência das cinzas.

Cancelamentos no Uruguai e Oceania

O aeroporto de Montevidéu também foi afetado e milhares de passageiros de ambos os lados do rio da Prata foram prejudicados, entre eles o secretário-geral da ONU, Ban Ki- moon, cujo avião precisou aterrissar a 800 quilômetros de Buenos Aires.

Ban teve de viajar por terra de Córdoba, no norte da Argentina, à capital para cumprir com sua agenda, que inclui uma reunião com a presidente argentina, Cristina Kirchner. A líder argentina disse que Ban comeu alfajores no café da manhã em um posto de gasolina em Rosario, a 300 quilômetros de Buenos Aires, durante a viagem de carro até a capital.

A propagação das cinzas do vulcão chileno que entrou em erupção em 4 de junho causa grandes prejuízos nas cidades turísticas de Bariloche (1,6 mil km a sudoeste), que tem seu aeroporto fechado há uma semana, e Villa La Angostura, a menos de 40 km do vulcão.

O cancelamento dos voos foi adotado pela terceira vez nos últimos sete dias no Aeroporto Internacional de Carrasco, em Montevidéu, onde cerca de 250 voos foram suspensos no período. “Há cinzas vulcânicas cobrindo todo nosso território, e por isso as companhias decidiram não operar atendendo aos critérios de segurança”, afirmou Jorge Bentos, chefe de operações terrestres da Puerta del Sur, a concessionária do principal aeroporto do país.

Além dos voos à Argentina e ao Brasil, destinos que incluem conexões com Montevidéu, os outros países prejudicados pela situação são Espanha, EUA, Paraguai, Chile, Peru e Panamá.

Voos previstos a partir do aeroporto de Santiago do Chile em direção à Argentina e ao Uruguai tiveram de ser suspensos novamente por causa das cinzas. Na capital chilena, a companhia aérea chilena LAN cancelou suas operações com destino a Buenos Aires e a Córdoba, assim como para Montevidéu, enquanto a Sky Airlines e a Air Canada suspenderam as viagens à capital argentina. Auruguaia Pluna cancelou uma partida para Montevidéu, de acordo a informação do site do aeroporto.

A nuvem não vem causando somente problemas na América do Sul. Em oito dias, as cinzas percorreram quase 10 mil quilômetros e atravessaram o Oceano Pacífico para chegar à Nova Zelândia e ao sul da Austrália.

A companhia aérea Qantas cancelou nesta segunda-feira todos os pousos e decolagens da ilha australiana da Tasmânia e da Nova Zelândia. No aeroporto da cidade australiana de Melbourne, todos os voos foram suspensos pelo menos até meio-dia.

As companhias aéreas de voos domésticos Jetstar e Tiger Airways também suspenderam voos pelo menos até meio-dia. Segundo a rádio australiana ABC, a Virgin é a única companhia que retomou seus voos em Melbourne e na Nova Zelândia.

Olivia Wirth, porta-voz da Qantas, disse à rádio australiana ABC que cerca de 10 mil passageiros de sua companhia aérea e outros 12 mil da Jetstar foram afetados desde domingo pelos cancelamentos.

Matt Wardell, porta-voz da Airservices Australia, indicou que a nuvem de cinzas continua cobrindo nesta segunda-feira a ilha da Tasmânia e algumas partes do Estado de Victória, incluindo a cidade de Melbourne. “(A nuvem de cinzas) está entre 7,5 e 11 quilômetros de altura e se espalhando e movimentando lentamente sentido nordeste”, disse Wardell à agência de notícias AAP.

Um grande número de passageiros se encontra no aeroporto neozelandês de Auckland por causa do cancelamento de seus voos. Mas, por enquanto, a companhia Air New Zealand está operando a uma altura mais baixa que o nível da nuvem de cinzas (entre 6,1 e 9,2 quilômetros).

Vulcão no Chile

O vulcão Puyehue fica a 950 quilômetros ao sul de Santiago do Chile. No domingo, o governo autorizou o retorno aos lares de alguns moradores por causa da erupção, que obrigou a retirada de 4 mil pessoas de seus arredores.

A localidade de Riñinahue, próxima ao entorno vulcânico, começou nesta segunda-feira a acumular cinza vulcânica. O intendente da região do Maule, Rodrigo Galiléia, sobrevoará nesta segunda-feira outro vulcão, o Planchón-Peteroa, que fica a 380 quilômetros ao sul de Santiago, para controlar sua atividade vulcânica.

No Chile, há mais de 2 mil vulcões, dos quais 125 são considerados geologicamente ativos e 60 tiveram algum tipo de atividade eruptiva histórica nos últimos 450 anos.

Fonte:Reuters

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