VSR – Virus Sincicial Respiratório – MAIS UM VILÃO DOS NOSSOS BEBÊS

14/06/2011 13:44

Principal agente de infecções respiratórias entre recém nascidos e prematuros, ele é responsável por mais internações do que as causadas pelo vírus da dengue, da gripe e do H1N1.

Quase desconhecido pela maioria das pessoas, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que circula em todas as regiões do Brasil entre os meses de março a setembro, é a maior causa de internação de recém nascidos e menores de um ano de idade, em especial os prematuros, com doenças cardíacas e/ou respiratórias. Até completarem um ano, quase dois terços das crianças serão infectadas por ele, um percentual que sobe para 99% até os dois anos.

Responsável por 90% das hospitalizações por bronquiolite – uma doença que mata 160 mil bebês por ano em todo o mundo, em especial bebês com menos de 18 meses – o VSR é assintomático, silencioso e facilmente transmissível pelo ar (através de tosse, espirro e fala, ou contato físico). Ele pode provocar desde coriza, febre baixa, chiado no peito e falta de ar, a infecções mais graves das vias respiratórias que levam a internações e complicações. No País, um estudo específico (Straliotto SM et al. Mem Inst. Oswaldo Cruz 2004) mostrou que o VSR foi responsável por 70% dos casos de pneumonia e bronquiolite que levaram pacientes à UTI. O VSR também pode ter efeitos a longo prazo nas crianças infectadas. Está comprovado que ele pode aumentar em quatro vezes as chances de aparecimento de asma na adolescência.

Estudos mostram que o VSR é mais grave no caso de bebês prematuros, que não possuem o sistema respiratório e o sistema imunológico completamente desenvolvidos e maduros ao nascerem. As probabilidades de infecção e mesmo de surtos em maternidades neonatais aumentam diante do crescimento do número de bebês prematuros no País (cerca de 30 mil crianças/ano nascem com peso abaixo de 1,5 kg) e do aumento da sobrevida pela evolução dos métodos de tratamento e tecnologia (95% contra 60% na década de 90). As estatísticas mostram que cerca de 15% dos prematuros são hospitalizados em decorrência de infecções causadas pelo VSR. (p.ex estudos Dr. Otávio Cintra, Rib. Preto).

O risco de complicações e a taxa de hospitalização por infecções causadas pelo VSR também é 10 vezes maior entre os prematuros do que naqueles nascidos de gestações completas. E as doenças respiratórias se tornam as principais causas de hospitalização e morte em recém nascidos prematuros, com ou sem doença pulmonar crônica. Neonatologistas como o Dr. Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, destacam que o VSR, associado a um quadro de displasia broncopulmonar, presente em 14 a 43% dos extremos prematuros, pode contribuir para complicações pulmonares tardias.

Em todo o mundo, os prematuros nascidos com menos 35 semanas, os bebês com displasia broncopulmonar e com outras doenças pulmonares crônicas compõem a população mais suscetível a infecções agudas do trato respiratório. A OMS – Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 1/3 das 12 milhões de mortes anuais de crianças abaixo de 5 anos de idade está relacionada a essas causas.

Prevenção é a melhor arma para combater o VSR

A grande arma estratégica para conter as infecções por VSR é a prevenção. Internacionalmente, é recomendada a imunização passiva com a utilização do palivizumabe (Synagis®), anticorpo monoclonal humanizado que interrompe o processo de reprodução do VSR. Aprovado pelo FDA, o produto recebeu a chancela da ANVISA em 1999.

Recomendado para bebês prematuros (menos de 35 semanas), o palivizumabe, deve ser aplicado via intramuscular, em cinco doses mensais e consecutivas, que podem ser iniciadas logo após o nascimento dos bebês de risco.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomendam a aplicação de palivizumabe antes da estação do VSR para que as crianças de risco atinjam níveis suficientes de concentração de anticorpos no sangue. Uma medida essencial, já que praticamente 100% das crianças prematuras ou não vão adquirir infecção pelo VSR nos primeiros anos de vida. Em bebês que completaram o prazo normal de gestão, não há grandes conseqüências.

A eficácia e a segurança do palivizumabe está comprovada por vários estudos. O maior deles (Impact RSV Study, feito entre 1996 e 1997 em 139 centros dos EUA, Canadá e Grã Bretanha), incluiu 1502 crianças de alto risco. O anticorpo promoveu a redução de 55% das taxas de hospitalização relacionadas ao Vírus Sincicial Respiratório; diminuição de 47% do número de dias de hospitalização entre lactentes com idade gestacional menor que 32 semanas (80% entre 32 e 35 semanas) e diminuição da necessidade aumentada de oxigênio.

Outra análise (IRIS) mostrou que a taxa de hospitalização por VSR em bebês que não receberam palivizumabe foi de 13,25%, contra apenas 3,95% nos que receberam a profilaxia (uma diminuição de 70% na taxa de internação nos bebês que receberam a profilaxia). Essa diferença ocorreu apesar do grupo palivizumabe apresentar menor idade gestacional, intercorrências na UTI neonatal mais graves e maior incidência de doença pulmonar crônica.

Análise apresentada no encontro da Pediatric Academy Societies de maio de 2009 (Cecchia et al) comprova a queda da taxa de mortalidade com a utilização do palivizumabe. Tal análise incluiu trabalhos publicados entre 1990 e 2007 (12.622 bebês provenientes de dez estudos diferentes) e mostrou que a taxa de mortalidade entre pacientes com profilaxia foi de 0,19%, enquanto nos sem profilaxia com palivizumabe foi de 0,53%.

DA ASSESSORIA

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