11/07/2011 08:47
A delegação da Seleção Brasileira que disputará o Mundial de Natação em Xangai, na China, embarcou na madrugada desta segunda-feira para Macau, onde realizará um período de treinos. A movimentação no Aeroporto de Guarulhos, porém, contou com um mistério. O campeão olímpico Cesar Cielo, que foi flagrado recentemente em um exame antidoping, não esteve presente junto a seus colegas.
Os integrantes da delegação da natação brasileira começaram a chegar ao terminal 2 da asa D do Aeroporto de Guarulhos para fazer o check-in por volta das 22h45 (de Brasília) de domingo. Todos os nadadores vestiam agasalho da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA), levando suas bagagens.
Médico da confederação, Marcus Bernhoeft estava como representante da entidade e organizava a delegação. Ele afirmou que estava com a passagem de Cielo e de Albertinho, técnico do nadador, em sua bolsa, mas se recusou a mostrá-las aos presentes.
Por volta da 0h30, os atletas se dirigiram para o portão de embarque, juntamente ao médico. “Eu estava esperando os dois até agora, mas não sei o que pode ter acontecido. Às vezes eles já estão lá dentro e eu nem estou sabendo. Hoje em dia você pega passagem até pela internet”, comentou Bernhoeft, antes de entrar com o resto dos atletas pelo portão de embarque.
Dois nadadores integrantes da Seleção Brasileira confirmaram que Cesar Cielo já embarcou para a China. A reportagem do Terra tentou entrar em contato com assessoria da CBDA, mas não obteve resposta. Assim, o atleta mantém a postura da discrição dias depois de ter sido pego no exame antidoping feito no Troféu Maria Lenk.
Cielo se explicou, mas não foi confrontado. Limitou-se a ler um pronunciamento alegando inocência, colocando a responsabilidade no teste positivo para furosemida na contaminação de um suplemento alimentar, pediu orações e, desde então, se calou.
Entenda o caso
O velocista Cesar Cielo teve resultado adverso para a substância proibida furosemida em um exame antidoping feito no Troféu Maria Lenk, realizado em maio, no Rio de Janeiro. Além dele, campeão olímpico e mundial, outros três nadadores brasileiros também foram flagrados: Nicholas Santos, Vinícius Waked e Henrique Barbosa.
De acordo com nota da CBDA, divulgada em 1º de julho, os envolvidos declinaram do direito de realização da amostra B e definiram com precisão como o diurético entrou no organismo, o que comprovou que não houve aumento dos seus desempenhos, fato que não ocorreu nesta competição. Desta forma, a entidade optou apenas por uma advertência aos quatro atletas uma vez que não foi identificada culpa ou negligência por parte deles no episódio.
O próprio Cielo, em nota oficial divulgada posteriormente, disse que “em nenhum momento fui imprudente ou negligente ou usei de imperícia”. Por essa razão, o brasileiro poderá disputar o Mundial de Esportes Aquáticos, de 16 a 31 de julho, em Xangai. O mesmo não acontecerá com Henrique Barbosa e Nicholas Santos, que tinham obtido seus índices no Maria Lenk e tiveram seus tempos anulados.
A situação dos atletas, no entanto, ainda não está totalmente definida. Já que a Fina (Federação Internacional de Natação) resolveu recorrer à Corte Arbitral do Esporte (CAS) para tomar uma decisão se os quatro devem ou não ser punidos pelo uso da substância, seguindo as regras das leis antidoping da Fina – o julgamento ocorrerá até o próximo dia 24.
Dos quatro flagrados no exame, apenas Henrique Barbosa não faz parte do P.R.O 2016 (Projeto Rumo ao Ouro), idealizado por Cielo com vistas a Olimpíada do Rio de Janeiro. O nadador é também um dos destaques do Flamengo. No Troféu Maria Lenk, competição na qual os atletas foram flagrados, Cielo foi surpreendido pelo compatriota Bruno Fratus na prova dos 100 m nado livre, uma de suas especialidades, ficando em segundo. No entanto, levou ouro nos 50 m livre, 50 m borboleta e nos revezamentos 4×50 m livre, 4×100 m livre e revezamento 4×100 m medley. Todos os resultados dele e dos outros nadadores flagrados na competição foram cancelados.
Menos conhecido entre os quatro nadadores, Waked, 23 anos, já havia sido suspenso por dois meses ainda neste ano por uso da substância isometepteno. Na época, ele se defendeu alegando que utilizou um remédio para dor de cabeça.
fonte: Terra