Crescem casos de câncer de garganta relacionados ao HPV

13/07/2011 10:16

Recente pesquisa divulgada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos apontou o aumento do número de casos de câncer de garganta no mundo e a relação desse índice com a prática do sexo oral. O estudo, divulgado para cerca de 30 mil médicos durante o Congresso da Sociedade Americana de Oncologia, sugere o aumento da incidência desse tipo de câncer com a contaminação pelo vírus HPV (Papilomavirus Humano).

O oncologista André Murad, que participou do encontro, ressalta ainda outro dado agravante: a mudança no perfil dos pacientes. “Há alguns anos, essa doença era atribuída a pessoas com idade superior a 50 anos, fumantes e consumidores de bebidas alcoólicas. Hoje, o predomínio é em pacientes jovens, não fumantes e não usuários frequentes de álcool”.

Murad explica que, nos jovens, as principais causas da contaminação por HPV são o grande número de parceiros e o sexo sem prevenção. O início da vida sexual antecipado também foi apontado como fator agravante. “Especialmente no Brasil, é comum que as pessoas saiam em uma noite e beijem ou tenham relações sexuais com mais de uma pessoa e, na maioria dos casos, com desconhecidos. Esse comportamento tem colocado o Brasil entre os líderes mundiais de incidência do HPV”, analisa.

De acordo com o Ministério da Saúde, todos os anos são notificados cerca de 137 mil novos casos de HPV no país. “O câncer de garganta causado por HPV é o segundo tipo mais comum ligado ao vírus e os especialistas constataram que sua incidência está crescendo”, alerta o especialista.

O HPV inclui mais de 100 tipos de vírus e é mais frequente em mulheres com idades entre 15 e 25 anos. Nas pessoas que contraem essa DST, é comum o aparecimento de verrugas nas genitálias, mãos e pés. Mas em muitos casos a doença não se manifesta e se agrava até virar um tumor. O HPV é responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero no Brasil.

As principais formas de prevenção da doença são o uso do preservativo, a redução do número de parceiros (que reduziria a exposição) e a vacinação. A vacina para mulheres foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2008, e somente em maio deste ano foi estendida para homens entre 9 e 26 anos. Por enquanto, ela está disponível apenas na rede privada e custa cerca de R$ 900.

Ainda não é possível saber o impacto do uso de preservativos e vacinas contra o HPV na prevenção este tipo de câncer, mas Murad explica que, como o HPV é o principal agente, é possível que a vacina seja útil na prevenção da doença. Segundo o especialista, os médicos estão otimistas com a eficiência da imunização nos homens. “Esperamos que ela possa reduzir drasticamente a incidência deste tipo de câncer, assim como ocorreu com o câncer de colo uterino em mulheres”.

fonte: Bonde

Tags: