Café ainda espera pelo efeito China

16/07/2011 12:47

Ao contrário do que se pode avistar em quase todas as commodities, da soja ao petróleo, o efeito da demanda chinesa sobre esse mercado ainda beira a irrelevância. Nos últimos anos, foram os consumidores tradicionais – Europa, Estados Unidos e Japão – os grandes responsáveis pelo aumento nas exportações brasileiras da mercadoria, que bateram recorde na temporada 2010/11.
De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre 2002 e 2010, os embarques domésticos cresceram 23% para a Alemanha, 34% para o Japão, 36% para a Itália, 95% para os EUA e 130% para a Bélgica. Juntos, esses países representaram mais de 60% das 33 milhões de sacas exportadas em 2010, participação idêntica à observada no início da série. Embora as exportações globais tenham crescido apenas 8% nesse período, o volume carregado nos portos brasileiros cresceu em quase 80%, aproveitando-se das lacunas abertas por Colômbia e países da América Central, tradicionais fornecedores de café de qualidade.
Os embarques para a China praticamente dobraram entre 2002 e 2008, é verdade, mas ainda não passaram de 40 mil sacas, o que equivale a 0,1% das exportações totais ou a menos de um dia de consumo no Brasil. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os chineses devem importar cerca de 675 mil sacas de café na safra 2011/12. Não há estatísticas confiáveis, mas fontes do setor estimam que o consumo naquele país não passe de 1 milhão de sacas. Muito pouco para o país que se tornou o grande motor da economia mundial.
“Sempre tive os pés no chão em relação à China. É um país muito grande, com uma forte tradição de chá, e vai levar algum tempo até se introduzirem os valores e modas ocidentais”, afirma José Sette, diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC). Segundo ele, o consumo naquele país ainda se concentra basicamente entre turistas e estrangeiros residentes.
A barreira cultural ainda é forte, especialmente entre os mais velhos. Em 2005, a Cooxupé e a belga CPE Exibition abriram duas cafeterias em Xi’An, cidade com mais de 5 milhões de habitantes, com o objetivo de promover a bebida, mas o negócio não prosperou e fechou as portas menos de dois anos depois.
“Não tínhamos conhecimento suficiente sobre o mercado chinês e fizemos uma escolha equivocada. Xi’An ainda é uma cidade muito fechada, deveríamos ter ido logo para Pequim”, explica Lúcio Dias, superintendente comercial da cooperativa. “Sou otimista em relação à China, mas esse é um namoro que vai demorar um pouco para fazer noivado”.
“Todo país que tem o hábito cultural de tomar chá acaba se adaptando ao café, como demonstra a experiência da Inglaterra e do Japão”, observa Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes. A aposta é de que os jovens urbanos, frequentadores de bares e restaurantes, irão, aos poucos, introduzir a cultura do café também nos lares. A rede de cafeterias Starbucks, que desembarcou na China há 11 anos, pretende chegar a 2015 com mais de 1,5 mil lojas abertas no país.
De olho nessa tendência, o diretor geral do Cecafé, Guilherme Braga, acredita que o consumo chinês pode chegar às 10 milhões de sacas anuais até o fim da década, superando o Japão. Mesmo assim, nada garante que o gigante asiático se tornará em um grande importador do Brasil. “Não se pode descartar que eles se tornem um produtor importante ou venham a estimular a produção nos países periféricos, como Vietnã, Indonésia, Laos e Tailândia”, alerta.

Ao contrário do que se pode avistar em quase todas as commodities, da soja ao petróleo, o efeito da demanda chinesa sobre esse mercado ainda beira a irrelevância. Nos últimos anos, foram os consumidores tradicionais – Europa, Estados Unidos e Japão – os grandes responsáveis pelo aumento nas exportações brasileiras da mercadoria, que bateram recorde na temporada 2010/11.
De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre 2002 e 2010, os embarques domésticos cresceram 23% para a Alemanha, 34% para o Japão, 36% para a Itália, 95% para os EUA e 130% para a Bélgica. Juntos, esses países representaram mais de 60% das 33 milhões de sacas exportadas em 2010, participação idêntica à observada no início da série. Embora as exportações globais tenham crescido apenas 8% nesse período, o volume carregado nos portos brasileiros cresceu em quase 80%, aproveitando-se das lacunas abertas por Colômbia e países da América Central, tradicionais fornecedores de café de qualidade.
Os embarques para a China praticamente dobraram entre 2002 e 2008, é verdade, mas ainda não passaram de 40 mil sacas, o que equivale a 0,1% das exportações totais ou a menos de um dia de consumo no Brasil. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os chineses devem importar cerca de 675 mil sacas de café na safra 2011/12. Não há estatísticas confiáveis, mas fontes do setor estimam que o consumo naquele país não passe de 1 milhão de sacas. Muito pouco para o país que se tornou o grande motor da economia mundial.
“Sempre tive os pés no chão em relação à China. É um país muito grande, com uma forte tradição de chá, e vai levar algum tempo até se introduzirem os valores e modas ocidentais”, afirma José Sette, diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC). Segundo ele, o consumo naquele país ainda se concentra basicamente entre turistas e estrangeiros residentes.
A barreira cultural ainda é forte, especialmente entre os mais velhos. Em 2005, a Cooxupé e a belga CPE Exibition abriram duas cafeterias em Xi’An, cidade com mais de 5 milhões de habitantes, com o objetivo de promover a bebida, mas o negócio não prosperou e fechou as portas menos de dois anos depois.
“Não tínhamos conhecimento suficiente sobre o mercado chinês e fizemos uma escolha equivocada. Xi’An ainda é uma cidade muito fechada, deveríamos ter ido logo para Pequim”, explica Lúcio Dias, superintendente comercial da cooperativa. “Sou otimista em relação à China, mas esse é um namoro que vai demorar um pouco para fazer noivado”.
“Todo país que tem o hábito cultural de tomar chá acaba se adaptando ao café, como demonstra a experiência da Inglaterra e do Japão”, observa Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes. A aposta é de que os jovens urbanos, frequentadores de bares e restaurantes, irão, aos poucos, introduzir a cultura do café também nos lares. A rede de cafeterias Starbucks, que desembarcou na China há 11 anos, pretende chegar a 2015 com mais de 1,5 mil lojas abertas no país.
De olho nessa tendência, o diretor geral do Cecafé, Guilherme Braga, acredita que o consumo chinês pode chegar às 10 milhões de sacas anuais até o fim da década, superando o Japão. Mesmo assim, nada garante que o gigante asiático se tornará em um grande importador do Brasil. “Não se pode descartar que eles se tornem um produtor importante ou venham a estimular a produção nos países periféricos, como Vietnã, Indonésia, Laos e Tailândia”, alerta.