29/08/2011 13:47
Dias após o assassinato da juíza Patricia Acioli, responsável por mandar para prisão cerca de 60 policiais ligados a milícias e grupos de extermínio de São Gonçalo (RJ), dois fatos chamaram a atenção para ações de policiais militares de São Paulo.
Um foi a notícia de que agentes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, batalhão de elite da Policia Militar de São Paulo) teriam sido informados do futuro roubo de caixas eletrônicos e armaram uma tocaia para os criminosos, matando seis. O outro foi um vídeo no qual os policiais zombam de duas pessoas baleadas, enquanto filmam os feridos. Não se sabe ainda se os suspeitos que agonizam no filme estão vivos ou mortos, se deram entrada em algum hospital ou “morreram a caminho”.
No caso da Rota, o comandante, Paulo Lucinda Telhada, prontamente justificou a ação e disse estar ela dentro da lei. Se perguntar não ofende, qual lei autoriza policiais agirem como jagunços? Tocaiarem quem quer que seja? Parece que, para o comandante da Rota, os policiais têm direito de decidir quem vive e quem morre, e que isso é prerrogativa legal.
É bastante reveladora a defesa que o comandante faz de seus subordinados. Revela o completo despreparo da polícia, desde os seus oficiais. Revela, também, o fortíssimo espírito de corpo, que encoberta e justifica as ações criminosas de alguns policiais.
Assim, longe de punir os comportamentos desviantes, os estimula, dando uma espécie de salvo-conduto para qualquer atitude vinda dos quadros da polícia, que, segundo os dados, mata quase duas pessoas por dia no Estado de São Paulo.
Quantas foram realmente em legítima defesa do policial? Quantas foram execuções sumárias por pessoas que querem brincar de Deus?
A julgar pela pressa em justificar a tocaia, nunca saberemos. Ao protegerem os maus policiais, e seus crimes, a própria policia se põe à margem da lei, fora dela. Aquelas pessoas que, justamente, deveriam defender as leis e as instituições de um Estado Democrático de Direito atentam contra ele. Quem sai perdendo não são os “bandidos”, e sim todos nós.
E assim seguimos adiante, confiando no julgamento sumário da polícia e torcendo para que não sejamos nós os réus.
Afinal, quem policia a polícia?
Por:Walter Hupsel