Médicos: é preciso conversar sobre doação

27/09/2011 09:13

O governo federal lança nesta terça-feira, data que é comemorado o Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, uma nova campanha de incentivo à doação de órgãos e promete anunciar investimentos e os números do setor. Especialistas consultados pelo Portal da Bandafirmam que o Brasil está crescendo bastante em relação ao número de transplantes e até mesmo de doadores.

Segundo o Ministério da Saúde, o número de doadores efetivos cresceu 14% em apenas um ano. Em 2010, foram registrados 1.896 doadores contra 1.658 no ano anterior. Com esse desempenho, o Brasil atingiu a marca histórica de 9,9 doadores pmp (por milhão de pessoas) no último ano.

Apesar dos números animadores, ainda há resistência de algumas pessoas em doar, especialmente em relação à doação diante de casos de morte encefálica. “As pessoas precisam conversar em casa sobre a possibilidade e a vontade de doar”, afirma Ben-Hur Ferraz Neto, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e chefe do Programa de Transplantes do Hospital Albert Einstein.

Conversa

Para o médico, essa discussão deve ser feita principalmente em relação aos casos de morte encefálica. “Quem realmente decide isso é a família. Então, se a família naquele momento de dor e perda estiver consciente da vontade daquela pessoa que morreu de que ela queria muito doar, com certeza será mais fácil”, completa.

As campanhas feitas pelos governos também podem ajudar. “Não só esclarecendo aspectos como os benefícios da doação, mas também estimulando esse tipo de conversa”, conclui Ferraz Neto.

No caso da medula óssea é possível fazer a doação, mesmo que o voluntário não conheça alguém que precisa. Basta ir até um hemocentro onde será colhida uma amostra, que vai para análise. Os dados ficam armazenados e quando aparece um candidato que pode ser compatível, é indicada a doação.

“É uma doação praticamente sem risco, quem vai doar deve conhecer bem o centro que vai colher e como vai proceder a doação, é um ato voluntário de abnegação muito grande e que vai beneficiar uma pessoa doente”, diz José Salvador Rodrigues de Oliveira, membro do Comitê Científico Médico da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e especialista em Transplante de Medula Óssea do Hospital Santa Marcelina.

Como doar

Para ser um doador não é necessário fazer nenhum documento por escrito. “Basta que a sua família esteja ciente da sua vontade. Assim, quando for constatada a morte encefálica do paciente, uma ou mais partes do corpo que estiverem em condições de serem aproveitadas poderão ajudar a salvar as vidas de outras pessoas”, diz o ministério.

A doação de órgãos pode ocorrer a partir do momento da constatação da morte encefálica. Em alguns casos, a doação em vida também pode ser realizada, em caso de parentesco até quarto grau ou com autorização judicial, no caso dos não-parentes.

Os transplantes podem ser feitos dos chamados órgãos sólidos, que incluem coração, fígado, pulmão, rim e pâncreas; tecidos, que são as córneas; e células, que é a medula óssea. Entre pacientes vivos pode ser feita a doação de um dos rins, parte da medula óssea e do fígado.

Fonte:Band

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