03/10/2011 11:41
A presidente Dilma Rousseff debaterá o impacto e as soluções para a crise da dívida europeia durante a V reunião de cúpula entre Brasil e União Europeia (UE), que começa nesta segunda-feira em Bruxelas.
“A crise da dívida europeia será um dos principais temas de discussão” da cúpula que termina na terça-feira, afirmou Alexandre Brasil da Silva, porta-voz da presidente brasileira.
“A ideia é analisar os planos para encontrar uma solução para a crise antes da reunião do G20”, nos dias 3 e 4 de novembro na França, explicou à AFP.
A cúpula tem início na noite desta segunda-feira às 19H45 (14H45 de Brasília) com um jantar em homenagem à Dilma, oferecido pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
Barroso deve conversar com Dilma sobre a decisão europeia de impor uma taxa sobre as transações financeiras na União Europeia, com a qual pretende arrecadar 55 bilhões de euros anuais, e sobre os planos de ajuda para resgatar a Grécia.
De qualquer forma, várias fontes europeias consultadas pela AFP disseram que não esperavam receber uma “ajuda direta” do Brasil, que integra o grupo dos Brics (Brasil, Rúsisa, Índia, China e África do Sul).
“Não há nada previsto neste sentido”, afirmou o porta-voz.
O bloco de potências emergentes declarou-se disposto a “considerar, se for necessário, um apoio via FMI ou outras instituições financeiras internacionais, para enfrentar os desafios à estabilidade financeira mundial”.
O governo brasileiro convocou Europa e Estados Unidos a agir com rapidez para enfrentar a crise econômica, que também moderou seu ritmo de crescimento.
O Brasil afirmou recentemente que os países avançados já não podem administrar sozinhos os riscos da estabilidade econômica mundial.
Durante a cúpula, a UE e o Brasil, interlocutor privilegiado dos europeus e um ator de peso no cenário internacional, também avaliarão o pedido de adesão de um Estado palestino na ONU, que recebeu um forte apoio brasileiro.
Brasil e União Europeia tentarão progredir nas negociações entre o Mercosul e a UE antes da rodada de negociações de início de novembro no Uruguai, para as quais ainda devem superar vários obstáculos no setor agrário, sobretudo os temores de produtores franceses de uma avalanche nas importações de carne.
Uma fonte brasileira disse à AFP que ainda há fortes resistências nas negociações com o bloco integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com Bolívia e Chile como associados externos.
A Europa deverá analisar se coloca sobre a mesa seus receios pelas recentes medidas do Brasil para proteger sua indústria, com exonerações fiscais e até um forte aumento do imposto à importação de carros, consideradas protecionistas.
“A UE fez de suas alianças estratégicas, e o Brasil é uma delas, o centro de sua política externa”, opinou Carlos Malamud do Real Instituto Elcano.
“Os temas da Cúpula são muito concretos e, na realidade, não é possível esperar grandes coisas: a UE esperaria um aumento importante do comércio exterior, mas o protecionismo brasileiro (somado ao da UE em matéria agrícola) não traz a perspectiva de grandes mudanças”, acrescentou.
Na terça-feira, a presidente participará do V Fórum Empresarial Brasil-União Europeia, que se desenvolve em paralelo à cúpula, e inaugurará o Festival Europalia, que neste ano tem o Brasil como principal protagonista.
Durante esta visita, Brasil e UE preveem aprofundar o comércio e o investimento bilateral. O Brasil é o quarto principal destino dos investimentos europeus e o sexto maior investidor na Europa, e no primeiro semestre de 2011 tornou-se o nono sócio comercial da UE.
A presidente brasileira se reunirá com o rei belga Albert II e com o primeiro-ministro belga Yves Leterme.
Fonte:Acritica