Crise europeia afetaria importadores de alimentos nas Américas

11/11/2011 09:21

A crise dos países europeus e o baixo crescimento econômico dos EUA podem levar a uma recessão que teria impacto na América Latina e no Caribe, particularmente nos países exportadores de alimentos em curto prazo, embora a médio e longo prazo seus efeitos seriam maiores para os importadores de alimentos.

Esta foi a mensagem de uma nota técnica enviada pelo Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Víctor M. Villalobos, às principais autoridades agrícolas do hemisfério.

O texto aponta que “a região não é uniforme em termos de sua capacidade de resposta à crise, uma vez que alguns países são mais vulneráveis que outros, por sua condição de alta dependência de importação de alimentos e de energia, além de baixas reservas monetárias e altos níveis de endividamentos e déficit fiscal”.

Segundo o documento, nos últimos dois anos os países da América Latina e Caribe tiveram uma forte recuperação após a crise de 2008, graças aos fluxos de capital, os preços recordes das exportações de commodities, políticas sólidas e expansão do crédito interno, que resultou em um crescimento econômico de 6% em 2010, o que para este ano o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima até 4,5%.

Espera-se que com a desaceleração da economia mundial e provável recessão, será difícil para a região manter o crescimento econômico, e talvez até mesmo uma queda para menos de 4%.

São cinco possíveis canais de transmissão, pelo elevado endividamento de alguns países europeus e da baixa expansão econômica americana, que podem afetar vários estados membros do IICA:

• Queda nas importações dos países desenvolvidos;
• Baixas taxas de juros desestimulam a produção, o que pressiona os preços das commodities agrícolas a subir;
• Alterações da taxa de câmbio do dólar, causando oscilações nos preços internacionais e entrada de capitais especulativos;
• Os preços do petróleo e seus efeitos sobre outras matérias primas;
• Cenário Global de alto risco e incerteza.

A situação europeia e dos Estados Unidos também gera desafios e oportunidades para a Agricultura da América Latina e Caribe, que devem ser respondido com políticas efetivas e de integração.

Pode-se destacar como desafios: evitar distorções comerciais, que podem aumentar os preços internos e afetar a segurança alimentar e nutricional dos países; controlar a inflação pelo aumento dos preços internacionais dos alimentos; estimular os mercados internos como alternativas à possível queda da exportação para a Europa e EUA; promover comércio intrarregional; e incentivar a produção interna de alimentos, em especial em países importadores e com posição macroeconômica vulnerável.

“É tempo de aproveitar as fortalezas da região desenvolvendo políticas orientadas a baixar os custos de transação, usar mais sustentável e eficientemente os recursos naturais, melhorar a infraestrutura e investir no capital humano e em inovação”, destacou Villalobos.

Fonte:Portaldoagronegocio

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