Apple: a vergonha nas fábricas chinesas

04/04/2012 09:51

Os funcionários das fábricas de montagem de iPhones e iPads para a Apple, na China, estão a trabalhar demasiadas horas, por salários demasiado baixos, segundo consta no relatório encomendado pela gigante informática, como refere o jornal britânico «Daily Mail».

O inquérito mandado fazer pela Apple surge na sequência de uma série de suicídios nas suas fábricas chinesas. Do inquérito constata-se que, no ano passado, todas as três fábricas ultrapassaram o padrão das 60 horas de trabalho por semana e das 36 horas extras máximas, durante um mês. Existem funcionários a trabalhar mais de 76 horas por semana e 11 dias seguidos, excedendo o limite máximo de horas de trabalho estabelecidas pela lei chinesa.

A investigação, que foi organizada com a Associação de Trabalho Americana, encontrou «significativas» falhas em três fábricas chinesas administradas pela Foxconn, o mais importante fornecedor da Apple e que também produz metade dos consumíveis eletrónicos mundiais.

Os críticos denunciaram não só uma sequência de suicídios e graves lesões que ocorrem nestas fábricas de consumíveis electrónicos, como também as péssimas condições nas instalações fabris, onde 90 por cento dos produtos da Apple são fabricados.

Como resultado do relatório, os chefes da Apple e da Foxconn concordaram em reduzir as horas de trabalho, melhorar as condições de saúde e segurança, e «estabelecer uma voz genuína para os trabalhadores». Num comunicado a Apple disse que iria «capacitar os trabalhadores e ajudá-los a compreender os seus direitos como fundamento essencial».

O actual CEO da Apple, Tim Cook, deslocou-se à China e foi visitar as fábricas, acompanhado pelo vice-presidente Li Keqiang, provavelmente o próximo líder do país, que terá dito a Cook que as empresas multinacionais devem «prestar mais atenção e cuidar dos trabalhadores».

No entanto, para muitos dos trabalhasdores da Foxconn, o relatório não foi favoravelmente recebido: o corte das horas extraordinárias vai traduzir-se em salários muito mais baixos. Um funcionário de 23 anos de idade, que não se quis identificar, disse ao «Daily Mail» que está «preocupado» porque menos horas significam «menos dinheiro».

Depois de reveladas as conclusões deste relatório, as ações da Apple caíram ligeiramente.

A Foxconn City é parte da Hon Hai Precision Industry Company de Taiwan que emprega mais 1,1 milhões de funcionários em complexos de fábricas na China.

Já o «New York Times» revelou recentemente num relatório que alguns trabalhadores que fazem os iPads e os iPhones ficam tanto tempo de pé que «as pernas incham tanto, que mal conseguem andar».

Entre 2009 e 2011, pelo menos 19 funcionários da Foxconn suicidaram-se ou tentaram pôr fim à vida.

A Foxconn também faz artigos para a Sony, Nintendo e Hewlett Packard.

Fonte:Agenciafinanceira

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