Obras da Copa: Hoteleiro cobra esclarecimentos da Secopa

21/05/2012 10:18

Com a transformação de Cuiabá em um canteiro de obras, com várias construções de grande porte em uma mobilização de homens e máquinas como nunca se viu nos quase 300 anos de história da cidade, a modernização está chegando. E junto com as construções, vieram preocupação, instabilidade e incertezas para empresários, comerciantes e moradores às margens das avenidas que receberão obras. Só a avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, tem neste momento, interdições em cinco pontos onde já acontecem obras.

Ao mesmo tempo em que 11 grandes obras – viadutos e trincheiras – são levantadas em Cuiabá, deverá estar em curso a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), fato que aumenta a insegurança de comerciantes, gerentes e donos de estabelecimentos das avenidas do CPA, Fernando Correa e FEB (Várzea Grande), onde funcionarão o corredor do VLT.

Em Várzea Grande, o clima é de apreensão para comerciantes da estreita avenida da FEB, que tem apenas duas faixas em cada mão. Com seu estabelecimento posicionado em frente à avenida nas proximidades do aeroporto, o gerente do Hotel Diplomata, Rodrigo Verdun, acredita que essa obra provocará intensos transtornos no local.

“Até agora não recebemos qualquer informação sobre o que vai acontecer por aqui. Sequer sabemos o lado da via que sofrerá desapropriações e como acontecerá isso. Muitos comerciantes desta área estão inseguros e não sabem o que fazer. Nem mesmo se terão que fechar as portas por algum tempo. Acho que a Secopa e o Governo do Estado deveriam fazer um esclarecimento a todos”, afirma Rodrigo Verdun.

O hoteleiro coloca um ponto de interrogação sobre o que vai acontecer aos hotéis nas proximidades. “Estamos diante de uma forte incerteza. Precisamos de um posicionamento para nos organizar e planejar”, ressalta.

O futuro é outro ponto de forte incerteza para o turismo e, em especial para a hotelaria, segundo Verdun: “Estamos em preparação para receber a Copa do Mundo e milhares de turistas em 2014. Será um evento que trará muitos visitantes em um período curto e muito vantajoso para a hotelaria. No entanto, nos preocupamos com o pós-Copa. Teremos em Cuiabá e Várzea Grande muitos novos empreendimentos que poderão se transformar em ‘elefantes brancos’. Pode haver uma oferta excessiva diante de uma demanda muito fraca. Daí a necessidade de um planejamento, desde agora, com o turismo. Se o governo do Estado aproveitar essa oportunidade única para promover as belezas do Estado e atrair a atenção internacional, é possível que haja clientela para sustentar os velhos e novos hoteis. Já falamos sobre isso, mas é necessário reforçar para que essa preocupação não passe despercebida”.

Verdun conta que com a escolha de Cuiabá para uma das sedes da Copa de 2014, houve uma euforia grande no setor. “Muita gente procurou recursos e investimentos altos estão sendo feitos, em uma aposta de que vai haver demanda para as centenas de leitos que teremos a mais. Será que terão condições de pagar o empréstimo sem demanda? Estamos diante de uma possível crise para o setor. Só tem uma forma de garantir que não haja um ‘estresse’ extremo e quebradeira no setor: a transformação de Mato Grosso em um polo turístico que atraia os turistas para cá. Só assim, haverá movimentação nos hoteis. E não falta potencial para o Estado, já que temos por aqui inúmeros pontos para visitação. Está faltando marketing ao governo e é isso que nós hoteleiros estamos sugerindo”.

Sobre marketing, Verdun sugere ideias corajosas, como da Prefeitura de Cuiabá que, recentemente, fechou contrato milionário com a escola de samba Mangueira, do Rio de Janeiro, para divulgar Cuiabá para o mundo no carnaval de 2013. “Esse é um tipo de investimento que dará visibilidade a Cuiabá. Creio ter sido um dinheiro bem aplicado, pois o retorno é certo. É necessário grandes campanhas de divulgação do Estado do porte que a prefeitura de Cuiabá está fazendo”, apontou.

Embora as obras da Copa já estejam trazendo um estresse para o setor hoteleiro, Rodrigo Verdun aprova a iniciativa. “Estamos vendo essas obras com bons olhos, pois serão o legado após a Copa do Mundo. Problemas fazem parte da mudança e transtornos são inevitáveis, fato que a população deverá entender e ter paciência. Nós do setor hoteleiro somos a favor dessas mudanças e estamos dispostos a cooperar. E como toda obra, sabemos que haverá dor de cabeça. Mas, depois de tudo pronto, vamos contemplar as cidades de Cuiabá e Várzea Grande transformadas e modernas, com melhor mobilidade e mais qualidade de vida”.

Fonte: Copa no Pantanal

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