CPI pode virar farsa, diz líder tucano

26/05/2012 09:40

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirma em entrevista exclusiva ao iG que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira poderá cair em descrédito se não aprovar a quebra do sigilo bancário da Delta Construções Nacional. “Isso é inevitável. A CPI seria uma farsa se não fizesse isso”, disse o líder tucano. Pivô do escândalo, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, é suspeito de ser sócio oculto da empreiteira.

Até agora só foi aprovado a quebra de sigilo da Delta Centro-Oeste. Na quinta-feira, a CPI adiou a votação do requerimento sobre os dados bancários da Delta nacional. Houve um acordo entre o PMDB, o PT e o PSDB para que o pedido só fosse analisado na próxima terça-feira. Congressistas de outros partidos, como o PSOL e o PDT, questionaram a decisão e afirmaram há “uma blindagem” para alguns políticos.

A suspeita do “acordão” existe porque as investigações envolvem três governadores dos partidos que têm defendido votações em bloco na CPI: Marconi Perillo (PSDB), do Goiás, Agnelo Queiróz (PT), Distrito Federal, e Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro. “A votação em bloco se configurou como jurisprudência. Os três governadores estão no mesmo patamar de suspeição, portanto os três devem comparecer à CPI”, afirma Dias ao iG.

O tucano argumenta que, nos últimos cinco anos, a empreiteira garantiu R$ 4,1 bilhões em empenhos – quando os recursos são reservados para pagamento no Orçamento. Ele lembra, porém, que 90% do valor é referente a verbas federais. “Há aí uma relação de promiscuidade que pode atingir figuras públicas do governo e da União”, afirma Dias. “É irrecusável investigar a Delta nacional, o senhor Fernando Cavendish (ex-dono da empreiteira) e outros diretores”.

Fim de amizade

O tucano comenta que as denúncias de envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no suposto esquema de Cachoeira causou o fim da amizade entre os dois. “Não há mais contato”, revela Dias. Demóstenes enfrenta processo no Conselho de Ética. Segundo o tucano, o goiano espera se safar da cassação na votação secreta. “No conselho, onde o voto é aberto, seu destino está traçado. (A cassação) Deve ser unanimidade”, diz.

O líder tucano também admite constrangimento da legenda, que ainda não discutiu nenhuma punição para Perillo ou para o deputado Carlos Leréia (PSDB-GO), que já admitiu ser amigo pessoal do bicheiro Carlinhos Cachoeira. “Eles deram todas as explicações às lideranças partidárias e se colocaram à disposição da CPI”, afirma. “A posição do partido é aguardar a investigação para tomar alguma providência”, conclui.

Fonte:IG

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