Produção de cana no MT está como a 4ª pior

03/06/2012 09:56

O atual cenário vivido pelo setor canavieiro de Mato Grosso está longe de melhorar, mesmo que a cultura da cana-de-açúcar tenha o terceiro melhor aumento do Valor Bruto da Produção (VBP) em 2012. Hoje, o Estado tem a quarta pior produção da região Centro-Sul com 15,09 milhões de toneladas, ficando atrás do Mato Grosso do Sul com 37,9 milhões. A logística é considerada o principal entrave do segmento sucroalcooleiro, o que leva a queda de rentabilidade, endividamento do setor e preços elevados ao consumidor final. Este entre outros assuntos foram debatidos durante o 3º Encontro Sucroenergético de Mato Grosso, realizado pelo Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool), a empresa Eutectic Castolin e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MT).

Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o VBP da cana-de-açúcar deverá saltar 7,5% em 2012, de R$ 933,2 milhões do ano passado para R$ 1,003 bilhões. Os números da produção são da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).

“Nosso cenário está longe de melhorar. Desde o boom de 2006 da cana-de-açúcar fomos os que menos  cresceram em produção. Naquele ano apenas uma usina instalouse aqui, enquanto São Paulo foram cerca de cinco. O preço do etanol caiu em março por causa da queda de rentabilidade das usinas. Deixamos de vender 80 milhões de litros em 2011, ante 2010”, diz o diretor-executivo do Sindalcool-MT, Jorge dos Santos. Segundo Santos, o maior entrave do setor sucroenergético é a logística. “Como aumentar a produção e trazer mais usinas com uma logística destas e cara? Precisamos de uma política nacional para a cultura e produção de biocombustíveis. Em 2006 solicitamos a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) identificar área  degradada apta para a cana. Encontrou-se 1,4 milhão de hectares ao longo das BR-070 e 163 que até hoje não usamos”.

Apesar de tais entraves vividos pelo setor que impede o seu crescimento, conforme Santos, o segmento é um dos que mais emprega e possui o melhor salário médio. Em Mato Grosso 15 mil pessoas trabalham no setor, sendo dois terços na área rural e um terço na parte administrativa. A remuneração média é de R$ 1,2 mil para ambos setores. “Até 2017 iremos acabar a colheita manual. Hoje, 70% é mecanizada. Estamos investindo em capacitação dos trabalhadores e comunidade na área de influência das usinas, inclusive”.

O diretor do Sindalcool-MT comenta que uma máquina colheitadeira de cana-deaçúcar de alta tecnologia custa em média R$ 1 milhão. Ele salienta ainda que na próxima semana as usinas irão se reunir para avaliar a rentabilidade e produtividade neste início de safra.

ETANOL

Questionado sobre o etanol, Santos comenta que este seguirá vantajoso frente à gasolina, permanecendo na casa dos R$ 1,70 e R$ 1,90 no Estado.

Chegou-se a R$ 2,29 devido o mercado nacional, pois tem-se capacidade de vender mais baratos nos postos. Hoje, a usina vende a R$ 1,27 para as distribuidoras. Há uma conjunção de fatores que leva a população pagar mais caro, um deles é o custo de produção que nos últimos três anos aumentou 40% em dólar”, frisa.

O diretor do Sindalcool-MT, diz que em março os preços começaram a cair nas bombas por questão de sobrevivência das usinas e devido liberação de espaço para nova safra. “Entramos em contato com as distribuidoras para que também abaixassem o preço, já que o fizemos. Porém, esse valor de R$ 1,27 que vendemos não traz rentabilidade para nós”, salienta. Santos comenta que para manter o etanol vantajoso ante a gasolina é preciso a existência de uma política de incentivos do biocombustível, pois ele reduz em 82% a poluição decorrente do combustíveis fosseis.

Fonte:Portaldoagronegócio

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