Maior centro financeiro mundial, Hong Kong enfrenta desigualdade crescente

01/06/2013 16:41

Eleito pelo Fórum Econômico Mundial o maior e mais importante centro financeiro do mundo pelo segundo ano consecutivo em 2012, Hong Kong retém a maior diferença entre a população rica e pobre das nações desenvolvidas. E a China, com sua política de “um país, dois sistemas” sobre Hong Kong desde 1997, contribuiu para a liderança em ambos os rankings, fomentando a inquietação social e os crescentes protestos na região.

O sonho chinês de um país próspero e saudável – econômica e socialmente – tem feito pouco pela sua mais querida ilha. Enquanto a China investe bilhões em educação e urbanização da sua parte continental, a ex-colônia britânica – que só voltará a ser chinesa por completo em 2049, quando o período de transição terminar – vive o melhor e o pior dos dois mundos. De um lado, goza de uma liberdade garantida por Margaret Thatcher quando da devolução da ilha em 1997; do outro, sua separação do Partido Comunista relega o status da ilha a um pequeno papel de coadjuvante da grande abertura chinesa, que levou o país a ser a segunda maior economia mundial.

 Foto: Fernanda Morena / Especial para Terra Foto: Fernanda Morena / Especial para Terra

A temida “invasão comunista” nunca aconteceu, desde que a ilha voltou ao poder da China. Ao contrário, ela é usada pelo Partido Comunista como o cartão postal da ponte que Pequim cria entre o leste e o oeste do globo. É da pátria mãe, contudo, que vem o histórico sucesso e a atual crise de Hong Kong. A fuga de dezenas de milhares de chineses do continente para a ilha durante o governo de Mao Tse-Tung (1949-1976) e, em especial, durante a Revolução Cultural (1966-1976), criou uma sociedade de trabalhadores pobres e de pouca educação que fomentaram o surgimento de uma classe de trabalhadores que não poderiam competir com a mão de obra internacionalizada trazida pelos britânicos a Hong Kong.

Hong Kong vive agora o que pode ser uma “bola de cristal” para a China ver como poderá ser amargo o seu futuro: a população da ilha está envelhecendo tão rápido quanto a da China, mesmo sem ter o controle de natalidade instituído no continente; e o coeficiente Gini (que mede a desigualdade de renda) da ilha de 7 milhões de habitantes é o pior do mundo desenvolvido, tendo subido de 0,430 em 1971 para 0,537 em 2011, segundo a prefeitura local (o valor indicado pelo índice como referência mínima para manter a sociedade em harmonia é 0,4) e Hong Kong.

“Foi só nos anos 1980 e 1990 que a população começou a migrar para a indústria de serviço, com a saída de muitas das fábricas de Hong Kong para o Delta do Rio da Pérola, a área chamada de Cantão”, explica Robert Chung, da Universidade de Hong Kong. “A partir daí, começou a surgir uma demanda por mão de obra mais qualificada, educada, aumentando a diferença entre o alto e o baixo da hierarquia social.”

Fonte: Terra

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