Governador de MT pede desculpas por falta de ações no início da gestão

28/04/2015 16:58

Com a alegação de ter recebido o governo com déficit e com uma série de outros problemas, o governador Pedro Taques (PDT) pediu desculpas aos mato-grossenses por não ter colocado em prática alguns projetos que impactariam diretamente na vida da população, como a contratação de mais policiais para atuar nas ruas. Em entrevista ao telejornal Bom Dia Mato Grosso, ele se posicionou sobre vários assuntos da gestão.

Confira abaixo a entrevista:

No início do governo, o senhor disse que iria fazer um contrato de gestão com os secretários para que pudesse avaliar o desempenho de cada um. Este contrato foi ampliado?

Pedro Taques: Foi. Todos os secretários assinaram um acordo de resultados e neste final de semana demos continuidade à análise de cada um dos secretários para saber o que eles fizeram durante todo esse período. E todos cumpriram acima da média do que eles se comprometeram com nossa administração. E, antes do final de maio, nós assinaremos um novo acordo de resultados agora para os próximos seis meses. Você poderia perguntar: tudo foi feito? É lógico que não. Eu tenho que dizer ao cidadão de uma forma verdadeira que não foi possível fazer tudo em 117 dias. Os erros praticados nos últimos anos nas últimas gestões comprometem sobremaneira a atual gestão. Agora, eu não vim aqui para dar desculpas. Os políticos, aliás, gostam de dar desculpas. Eu vim aqui para pedir desculpas ao cidadão porque nós não tivemos condições, em razão do momento em que encontramos o estado, por exemplo, de contratar mais 6 mil policiais militares que precisamos hoje, mais 125 delegados de polícia, mais 3 mil investigadores. Não tivemos condições em 117 dias de construir mais três hospitais regionais, de pavimentar 1.500 quilômetros de rodovias. Portanto, sem dar desculpas, mas pedindo desculpas ao cidadão, nesse período isso foi impossível.

Mas, então, governador, o senhor está anunciando que também será muito difícil cumprir as metas daqui a seis meses, por exemplo?

Pedro Taques: Não, não estou anunciando isso. O que eu estou anunciando é como o seo Adelino lá na sua casa, quando ele muda de sua casa, o seo Adelino, um homem simples de Acorizal, a dona Joana, de Peixoto de Azevedo, por exemplo. Primeiro, você tem que arrumar a casa. Esta nossa ‘casa’ [governo] já está arrumada? Não, ainda não, porque esta ‘casa’ estava muito desarrumada.

Quanto tempo o senhor acredita que leva para arrumar esta ‘casa’?

Pedro Taques:  Estamos arrumando a casa e pensando no futuro ao mesmo tempo. Isso já estamos fazendo desde o primeiro dia do nosso mandato. Veja a questão da segurança pública. Nós já chamamos 750 novos policiais que estão na academia passando por uma preparação, uma formação. No mês de agosto, esses policiais já estarão nas ruas e ainda no mesmo mês, mais 1.200 policiais entrarão na academia. Iniciamos o processo de locação de mais 200 veículos para a Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Iniciamos também a compra de coletes à prova de bala e novos uniformes para as forças especiais. Fizemos 45 operações policiais e isso resultou em Várzea Grande na diminuição do índice de homícidios em 48% e, no estado todo, caiu 32% o índice de criminalidade. Fizemos tudo? Não fizemos tudo.Quem está nos vendo sabe muito bem que Mato Grosso tem um índice de criminalidade muito alto. Mas esses resultados revelem que já estamos no caminho certo.

O projeto ‘Bom Pagador’ encaminhado pelo Executivo para a Assembleia Legislativa ainda está em discussão.  Há como o senhor garantir que as pessoas que têm a receber vão receber do estado?

Pedro Taques: Tenho certeza que sim, daí o nome do projeto é “Bom Pagador”. Eu quero perguntar também ao seo Isaías, lá de Colniza: o senhor paga uma dívida que o senhor não tem certeza da existência dela? É lógico que não. Eu faço isso na minha casa, pois não posso pagar o que não sei se é verdadeiro. O governo passado deixou uma dívida de R$ 700 milhões. Antes de pagar, tenho que fazer uma auditoria. Para pagar, eu preciso de dinheiro e nós não temos dinheiro para pagar esse valor. Editamos um decreto que é facultativo, não é obrigatório, apresentamos um projeto à Assembleia Legislativa. Se a Assembleia aprovar este projeto, 80% dos credores do estado serão pagos.

Quais critérios para o pagamento?

Pedro Taques: Até R$ 150 mil serão pagos todos. Isso significa quase 80% dos credores. Nós vamos pagar os pequenos primeiro. Os grandes credores do estado passarão por um chamado ‘leilão reverso’, que não é algo inventado aqui, outros estados da federação fizeram isso. Nesse leilão reverso os maiores credores do estado vão dar um desconto ao estado, ou seja, pedimos um desconto para as contas, pois esse dinheiro pertence a toda população. É bom que se diga que essas divídas não são da gestão atual. As que fizemos desde janeiro estão sendo pagas em dia, pois o estado tem que ser bom pagador. Só na saúde já pagamos divída da gestão passada de R$ 35 milhões para os municípios.

Donos de pousadas na Rodovia Transpantaneira dizem que, por causa dos problemas nas pontes, tiveram que cancelar reservas. O que o senhor nos diz a respeito?

Pedro Taques: Nós todos temos de convir que todas essas pontes do Pantanal não ficarm nesse estado em 117 dias. Mato Grosso tem 5 mil quilômetros de estradas pavimentadas, 1.700 pontes de madeira e liberamos R$ 30 milhões para que novas pontes fossem construídas. Existe quase que uma indústria de pontes de madeira. Ela estraga este ano, aí faz a ponte e ano que vem tem que fazer novamente, sem contar as questões ambientais envolvidas. Entramos em contato com usinas que estão sendo construídas no estado para que as madeiras que as empresas tirarem sejam doadas ao governo para ser usadas nessa reforma.

Quantas pontes serão feitas e quantos quilômetros de asfalto serão construídos?

Pedro Taques: Nós temos 5 mil quilômetros de estradas pavimentadas. Daqui para frente iremos pavimentar 1.400 km através de um programa chamado ‘Pró-estrada’. Vamos construir novas rodovias e reconstruir outras. Tem um trecho [da MT-251] até a entrada de Manso que foi entregue em péssimas condições. Vamos lançar essa obra ainda neste semesre e duplicar esse trecho. Neste programa, vamos priorizar a MT-343, em Barra do Bugres, Porto Estrela e Cáceres, e a MT-130, que é uma estrada que recebemos muitas reclamações, de Paranatinga a Santiago do Norte. Além de novas estradas, precisamos reconstruir essas estradas que estão em péssimas condições. Veja de Jauru até Indiavaí e Figueirópolis, ali pessoas têm morrido nessas estradas. Portanto, nossa administração não vai ficar falando só de passado, temos que olhar para o futuro, mas é difícil em 116 dias fazer um processo licitatório. Isso não tivemos condições de fazer, mas distribuímos aos municípios quase 1 milhão de litros de combustíveis para que eles pudessem resolver os problemas locais e repassamos aos municípios R$ 35 milhões do Fethab. O cidadão pode ter certeza que cada real será investido.

Sobre as obras da Copa. O senhor pensa em desistir do VLT?

Pedro Taques: O que foi feito no VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) foi o maior escândalo da história de Mato Grosso. Não podemos politicamente decidir se o VLT continuará ou não. Entendo que deve continuar sim a construir essa obra, mas isso quem vai decidir são os técnicos. Esses vagões chegaram em Mato Grosso em novembro de 2013, passearam pelas ruas e é interessante dizer que poucas pessoas insurgiram contra isso e eu como senador insurgi contra isso. Na nossa administração, determinei à Procuradoria-Geral do Estado que ajuizasse uma ação conjunta com o Ministério Público Estadual e Federal, que, em 75 dias, o Consórcio VLT daria conta da conservação desses vagões. Não deixarei a obra parada. Só preciso receber o projeto do consórcio para saber se R$ 1 bilhão foi usado na construção ou foi roubado. Já o viaduto da Sefaz será entregue em 90 dias com todos os defeitos arrumados.

O estado tem condições de ficar com a Arena Pantanal em mãos? O que será feito com os problemas no entorno do estádio?

Pedro Taques: Estamos gastando R$ 1 milhão por mês só para manter a Arena Pantanal. Parece que, no ano passado, muitos estavam adormecidos em razão de tudo isso. No dia 9 de maio teremos o aniversário de Mato Grosso e até lá essa situação toda mudará. Não fizemos isso na nossa administração, por que não podemos fincar um prego ali sob pena de perdemos o contrato com a empresa que faz a parte arquitetônica. Esta obra ainda não foi entregue para o governo do estado. Na obra fizeram uma gambiarra, como se diz em Cuiabá, para ser entregue até a Copa do Mundo. Um dos erros dessa obra é o elevador. Os elevadores não transportam maca e nós temos andares. É uma vergonha isso. A nossa administração, por meio da Secretaria de Cidades, já está reorganizando esse espaço. A Polícia Militar já está adaptando uma ala para que o CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) possa ser instalado. Junto com o Tribunal de Justiça, o estado fará um grande mutirão de conciliação fiscal para que nós possamos usar a Arena Pantanal. Para que nós possamos receber essa obra, precisamos aplicar mais R$ 90 milhões e esse valor eu prefiro investir na saúde.

O governo passará então para a iniciativa privada?

Pedro Taques – Temos três modelos: o estado administra, concessão ou PPP [Parceria Público Privada]. Existe um edital lançado pelo governo passado que foi suspenso por nós para ser refeito, porque existe equívocos. Precisamos de audiências públicas para que o cidadão possa decidir o que fazer com a Arena Pantanal. Só com o futebol não dá conta da manutenção.

E as obras dos Centros Oficiais de Treinamento (COTs) que estão paradas?

Pedro Taques: Pararam no meio do caminho por que precisamos de dinheiro para pagar as empreiteiras para que elas possam continuar essas obras e isso não está no orçamento de 2015, que foi feito pela gestão passada. O COT do Pari: existe uma discussão sobre o que funcionaria ali, se seria a sede do Operário [Futebol Clube] ou a Polícia Militar. Eu entendo que esse espaço será melhor utilizado como centro de treinamento das polícias de Mato Grosso. Já o COT da UFMT ficará com a universidade, mas falta uma pista de atletismo de padrão internacional, mas não temos dinheiro para fazê-la e prefiro investir na saúde.

As Organizações Sociais de Saúde (OSS) continuarão a atuar na sua gestão?

Pedro Taques: Sim. Existe organizações que são ruins por natureza, mas não podemos generalizar. Desde o início da minha gestão, começamos a analisar um novo modelo de administração de hospitais regionais. Mato Grosso repassa para a organização social de Sorriso quase R$ 50 milhões e para Sinop, quase R$ 58 milhões. Fizemos várias encontros sociais de modelos através dos consórcios. Não existe um único médico para todos esses males. Teremos vários modelos. Não posso editar um decreto e romper o contrato com a empresa que administra o Hospital Regional de Rondonópolis. Estamos analisando todos esses contratos para ver se o que foi contratado está efetivamente sendo realizado. Estamos contratando uma consultoria para verificar o que pode ser feito nos hospitais regionais e também estamos trabalhando com os consórcios. Em Cuiabá, disponibilizamos R$ 50 milhões para a prefeitura e construíremos o Hospital e Pronto-Socorro com, no minímo, 300 leitos. Também retomaremos a obra do Hospital Central que está parada há 25 anos.

O edital de licitação deveria ter sido divulgado em março, segundo anúncio feito pelo governo.

Não, não teria como fazer o processo licitatório [nesse prazo]. Chamamos o Otaviano Costa, que vai ser o padrinho dessa obra, e a sociedade vai colaborar. O secretário da Fazenda, Paulo Brustolin, está tratando disso porque queremos arrecadar R$ 29 milhões para terminar a obra. Daí, faremos um processo de chamada pública para administrar esse hospital como existe em um hospital de subúrbio de Salvador. Esse hospital materno-infantil reduzirá a mortalidade infantil no estado. A partir do mês de maio, o estado fará a entrega de remédios da Farmácia de Alto Custo em 10 mil residências, na porta do cidadão.

Sobre o ‘MT Saúde’, o que será feito?

Pedro Taques: Defendo a existência do ‘MT Saúde’, apesar de alguns discutirem a sua personalidade, entendo que é um programa importante, mas precisamos dar um limite para que não haja prejuízo ao cidadão. Por isso, o pagamento do ‘MT Saúde’ via servidor público com parte do estado. O secretário de Administração já atuou nessa questão e está rodando de uma forma mais rápida e melhor.

Fonte.: G1

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