17/05/2015 16:22
Seriedade, estrutura, investimento, planejamento, clima familiar, títulos, confiança. Ingredientes que fazem o Cuiabá dar certo, segundo o presidente Aron Dresch, homem-forte do clube e um dos principais responsáveis pela boa fase do clube. Depois de dois títulos, o Dourado estreia neste domingo na Série C do Campeonato Brasileiro, contra o Vila Nova-GO, fora de casa.
O ano de 2015 tem sido histórico para o Cuiabá, clube criado em 2001, que ficou três anos desativado, e em 2009 acabou adquirido pela família Dresch que tem realizado a gestão desde então. De lá pra cá muita coisa foi conquistada. Quatro títulos do Mato-Grossense, acesso para a Série C, título da Copa Verde e vaga na Sul-Americana 2016.
Na véspera da estreia da Série C do Brasileiro, Aron conversou com a reportagem do GloboEsporte.com e demonstrou confiança em conquistar o inédito acesso, que tem sido a obsessão do Dourado desde que chegou à Série C, em 2012. Para ele, o clima familiar e a seriedade são os diferencias para a boa campanha e para que o ano seja coroado com o acesso no fim do ano. Além de elogiar a comissão técnica encabeçada pelo treinador Fernando Marchiori, o presidente ainda falou sobre a Arena Pantanal, crescimento do clube e investimentos futuros.
Confira a entrevista completa:
GloboEsporte.com – Qual são as chances do Cuiabá na Série C do Brasileiro?
Aron Dresch – Nosso objetivo é o acesso e estamos trabalhando para isso. Queremos dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito. Cerca de 90% do elenco foi mantido, diferente dos outros anos em que se mudava muito o grupo. Vejo um time muito unido, forte. Existe um objetivo claro. Não que não houvesse nos outros anos, mas agora eu percebo que está diferente. Os atletas estão entusiasmados com o negócio, vestiram a camisa do clube, principalmente com esses títulos.
GloboEsporte.com – Quanto o elenco foi montado no início do ano, você esperava que fosse dar tanto resultado?
Aron Dresch – Não achei que os títulos viriam de imediato. Nossa prioridade sempre foi a Série C. Os méritos são do treinador Fernando Marchiori e sua comissão técnica, que trabalha isso muito bem. E vai continuar da mesma forma para os jogadores que estão chegando. São atletas que teoricamente tem um nível maior, mas isso é só no papel. Será muito difícil brigar pela titularidade. Isso só vai melhorar para quem já está aqui. Aumenta a competição. Quem está jogando vai continuar. Até que se prove o contrário é um bom grupo, conquistou dois títulos. Todos estão vendo.
GloboEsporte.com – Você apostou em um treinador que não tinha experiência no futebol profissional, já que havia trabalhado apenas como auxiliar. Como foi a contratação?
Aron Dresch – Quando chegou o nome do Fernando Marchiori eu logo gostei. A gente vinha acompanhando ele no Luverdense, como auxiliar técnico do Júnior Rocha. E ele está provando sua qualidade. O mérito é todo dele e da comissão. Desde a montagem do elenco até na parte tática. Ele criou uma união e um clima familiar aqui dentro que eu ainda não tinha visto nos últimos anos. Isso está nos ajudando muito. Ele é um treinador sério e comprometido. Estamos muito satisfeitos com toda a comissão técnica, que mostra o valor a cada partida. Encaixaram perfeitamente na filosofia do Cuiabá e procuramos dar todas as condições de trabalho para eles e jogadores.
GloboEsporte.com – Falando em estrutura, o Cuiabá é uma das referências em Mato Grosso. Até que ponto isso ajuda dentro de campo?
Aron Dresch – Fizemos uma ampla reforma no ano passado, com a construção do campo oficial, melhorias no alojamento, academia, sala médica, entre outras. Isso reflete que nós podemos cobrar mais. O que você dá, você cobra. Damos todas as condições para podermos ter os resultados. Temos um conforto aqui no Centro de Treinamento. Não precisa sair daqui pra nada. E eles têm respondido bem.
GloboEsporte.com – Porque o Cuiabá está dando tão certo?
Aron Dresch – Pela seriedade do trabalho. Somos uma família com origem europeia e temos como berço manter as coisas certas. Falam que somos grosseiros, prepotentes, mas isso é pra quem não nos conhece. Temos como meta sempre cumprir os compromissos. Quem vive o dia a dia vê que é diferente do que dizem. Nos cobramos muito. Temos que fazer o negócio ainda. Gostamos muito de futebol e investimos muito. Estamos começando a colher os frutos. É como se fosse aquela árvore que você planta, rega todo dia e fica na expectativa de comer uma fruta dela. A Copa Verde, por exemplo, não esperávamos o título. Foi muito gostoso da forma com que levantamos a taça. Nota da redação: depois de perder o jogo de ida por 4 a 1 para o Remo, o Cuiabá venceu o rival paraense por 5 a 1, na Arena Pantanal.
GloboEsporte.com – Até que ponto esses dois títulos no primeiro semestre podem refletir na Série C do Brasileiro?
Aron Dresch – Você vê o jogador com a moral elevada, somos mais respeitados. O clube cresce em vários sentidos. Falam por exemplo que não temos torcida, mas ela cresce e muito. A receita para qualquer time é ser campeão e temos feito bons espetáculos. Isso fortalece a marca, atrai a curiosidade dos investidores. Atualmente temos três empresas que nos ajudam mensalmente. Isso nos dá mais ânimo.
GloboEsporte.com – Qual a importância da Arena Pantanal para o Cuiabá?
Aron Dresch – Fundamental. Ela já é a nossa casa. No começo falavam que a Arena Pantanal era um campo neutro, mas eu discordo disso. Ela já é a nossa casa, assim como pode ser do Mixto e do Operário Várzea-grandense. É um direito de todos jogar nela e nós estamos usando isso muito bem. Como é bom jogar ali, um gramado bom, conforto para o torcedor. Para nós tem sido fundamental ter um estádio como esse.
GloboEsporte.com – Mato Grosso não tem um time na Série A desde a década de 80. O Cuiabá pode ser o próximo?
Aron Dresch – Temos isso em mente e vamos buscar. Mas tudo tem seu tempo. Hoje, estamos em busca do acesso para a Série B e vamos fazer tudo para isso acontecer. Depois que estivermos na Série B e sabemos quão difícil isso será, aí vamos pensar em Série A. O que queremos deixar claro é que não vamos desanimar e continuar esse projeto.
GloboEsporte.com – O Cuiabá ainda vai se reforçar para a Série C?
Aron Dresch – Temos um montante reservado para isso, mas vamos analisar bem para trazer a peça certa. Já temos um grupo formado e de qualidade. O campeonato é longo então vamos trazer de acordo com a necessidade. Vamos analisar essas primeiras rodadas, para então termos uma noção do que vamos precisar.