15/09/2015 11:50
O Banco Central está preocupado com o processo de “desancoragem” das expectativas sobre o ritmo da inflação no próximo ano.
O Banco Central está preocupado com o processo de “desancoragem” das expectativas sobre o ritmo da inflação no próximo ano. Até então, analistas vinham mantendo a projeção de que o índice de preços seguiria em direção à meta em 2016, o que servia como uma âncora para as expectativas.
No entanto, as previsões voltaram a subir nas últimas seis semanas, por causa da piora das contas públicas. Para retomar a âncora, o BC afirma que “não vai aliviar” se esse cenário não for revertido no curto prazo.
Segundo assessores presidenciais, o BC vai continuar trabalhando para que a inflação entre “embicada para baixo” em 2016, dentro do seu objetivo de fazer o IPCA convergir para o centro da meta, de 4,5%, em dezembro do ano que vem. A forma de reação, caso seja necessária, ainda não está definida.
Assessores argumentam que a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) será nos dias 20 e 21 de outubro e que, até lá, o banco tem tempo para avaliar como será a evolução das estimativas de mercado.
A expectativa no governo, porém, é que o novo cenário econômico impeça qualquer queda nos juros no curto ou médio prazo.
O BC havia conseguido levar as previsões de mercado para uma inflação de 5,40% em 2016 com seu aperto monetário, que elevou a taxa de juros para 14,25% ao ano.
Nas últimas seis semanas, analistas passaram a questionar se a ação do banco será suficiente para fazer a inflação cair, elevando a estimativa para até 5,64%, no relatório Focus desta segunda (14).
Entre os economistas com maior percentual de acertos nas projeções de inflação, a expectativa é de um IPCA de quase 5,98% no próximo ano, próxima do limite de 6,5% fixado pelo governo.
O BC também começa a perder a batalha para ancorar as expectativas para 2017, que chegaram a 4,55% em agosto, mas subiram recentemente para 4,7%.
O BC aposta nas novas medidas de ajuste fiscal anunciadas nesta segunda-feira (leia mais em “Poder”) para ajudar a reverter o cenário.
Segundo um assessor, estava faltando a contribuição do lado fiscal, que agora pode ser resolvida com a decisão de fazer novos cortes no Orçamento de 2016.
Os cerca de cem analistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central também elevaram a previsão de encolhimento do PIB para 2,55% em 2015 e para 0,60% em 2016.
A última projeção do Bradesco é uma queda no PIB de 2,7% em 2015 e de 1% em 2016. O Itaú-Unibanco prevê retração de 2,3% e 1% para esses dois anos. Os analistas esperam que a taxa básica de juros fique no patamar atual até abril de 2016, quando viria um novo ciclo de cortes.
Fonte.: Folha de S.Paulo