Em dia de agenda pesada, bolsa fecha em queda de 2,38%

29/10/2015 01:28

A bolsa brasileira operou descolada do mercado internacional e fechou o dia em baixa pelo quinto pregão consecutivo, apesar do cenário mais brando para o dólar – muito da queda se deve à divulgação de resultados financeiros e o cenário fiscal do país, além da repercussão da decisão monetária nos Estados Unidos. O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) terminou as operações em queda de 2,38%, aos 45.628 pontos (menor pontuação registrada desde 1º de outubro) e com um volume negociado de R$ 5,435 bilhões. 

“Os investidores começaram a semana mais otimistas, depois que as autoridades monetárias na China, Japão e Europa sinalizaram a manutenção das políticas expansionistas, visando dar sustentação às suas economias titubeantes. A grande dúvida que ainda pairava nas mesas de operações era se o Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) manteria-se dovish (posicionamento mais brando) em resposta a um cenário internacional mais fraco. Ontem os membros do comitê do FOMC decidiram dar um passo em direção ao início do processo de normalização, motivado por melhora na percepção sobre a economia mundial e também por leitura positiva sobre o mercado de trabalho da economia americana”, dizem os analistas do BB Investimentos, em relatório.

“A prévia do PIB norte-americano no terceiro trimestre mostrou que o consumo da famílias segue forte e dá sustentação ao crescimento econômico. Resta aguardar o resultado final do Plano Quinquenal na China (hoje foi anunciado flexibilização da política de filho único) e a decisão do Banco do Japão sobre taxa de juros. O resultado líquido poderá ser melhor analisado a partir da semana que vem, mas hoje as principais bolsas mundiais operam estáveis”, ressaltam os analistas.

Em termos de indicadores, o Tesouro informou um déficit primário para o governo central (formado por Previdência, Banco Central e Tesouro) de R$ 6,9 bilhões em setembro. O resultado foi ruim, mas veio melhor do que o esperado (est. R$ 13,6 bilhões). O Banco Central também divulgou os dados de política fiscal, que registrou déficit primário de R$ 7,3 bilhões em setembro. Nos Estados Unidos, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu a uma taxa anualizada de 1,5% no terceiro trimestre, em linha com a mediana das expectativas, de 1,6%. No Japão, a produção industrial aumentou pela primeira vez em três meses em setembro, quando subiu 1% ante o mês anterior (est. 0,5%).

Em termos acionários, a queda do dia foi puxada pelo desempenho negativo das ações dos bancos, da mineradora Vale e da Petrobras. A maior queda do dia entre os bancos foi a do Banco do Brasil (BBAS3): a ação perdeu 4,79%, a R$ 15,50. As ações do Bradesco (BBDC4) fecharam com desvalorização de 4,49%, a R$ 21,04, após o banco divulgar seu balanço trimestral – embora o lucro líquido tenha avançado 6,3% ante o mesmo período de 2014, o índice de inadimplência subiu, assim como as despesas para cobrir os calotes. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) recuaram 2,73%, a R$ 26.

Ao mesmo tempo, as ações ordinárias da Vale (VALE3) caíram 2,60%, a R$ 16,14, e as preferenciais (VALE5) perderam 1,70%, a R$ 13,33. Os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) recuaram 1,06%, a R$ 9,30, e os preferenciais (PETR4) tiveram baixa de 1,17%, a R$ 7,61.

No câmbio, o dólar comercial chegou a encostar em R$ 3,96, mas perdeu força na parte da tarde e fechou com queda de 1,68%, a R$ 3,854 na venda. No cenário nacional, investidores continuavam preocupados com as contas do governo e com a política, principalmente após a divulgação das contas do governo federal, por parte do Tesouro Nacional, e pelo saldo das contas divulgado pelo Banco Central.

O Banco Central também rolou totalmente os swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) com vencimento em novembro. Esse foi terceiro mês seguido em que o BC fez a rolagem de todos os contratos. O BC vendeu 3.575 swaps para 1º de fevereiro de 2016, e 6.700 para 2 de maio de 2016, com volume correspondente a US$ 507,1 milhões. Com isso, repôs praticamente todo o lote de novembro, correspondente a US$ 10,278 bilhões.

No exterior, os investidores também estavam atentos à economia dos Estados Unidos, que desacelerou no terceiro trimestre. O PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano cresceu 1,5% no período. No trimestre anterior, havia avançado 3,9%. A decisão do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) em manter os juros próximo de zero seguiu sendo repercutida, uma vez que a instituição deixou em aberto a possibilidade de começar a aumentar os juros na reunião de dezembro.

Para sexta-feira, os agentes aguardam a publicação da sondagem de serviços e do comércio, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Brasil; taxa de desemprego e índice de preços ao consumidor na zona do euro; dados de gastos pessoais e rendimento pessoal nos Estados Unidos.

Fonte.: Carta Capital

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