09/12/2015 13:50
Após a deflagração do processo de impeachment e o anúncio do PIB do terceiro trimestre mostra expectativa de retração maior da atividade econômica neste e no próximo ano
A estimava é de queda de 3,5% em 2015 e de 2,31% em 2016.
Os economistas consultados pelo BC também revisaram suas projeções para a taxa básica de juros e descartam cortes da Selic no próximo ano. As projeções apontam manutenção nos atuais 14,25% ao ano.
Entre os analistas que esperam aumento, a maioria projeta uma alta para cerca de 15% ao ano.
Na pesquisa divulgada nesta segunda (7), chamou a atenção o tamanho da revisão em relação aos indicadores de PIB e da taxa básica.
A projeção de retração da economia para este ano, por exemplo, passou de 3,10% para 3,19% nas quatro semanas de novembro. Na primeira de dezembro, a queda chegou a 3,50%, segundo o BC. A revisão para 2016 foi de queda de 2,04% para redução de 2,31% na semana. Em 2017, o país voltaria a crescer 1%.
A revisão foi influenciada pelos mais recentes números do PIB, que mostraram recuo de 1,7% no terceiro trimestre em relação ao segundo e uma sequência de quedas que soma quase 6% em um ano e meio, na recessão mais longa desde a crise de 2008/2009.
Juros
A revisão das projeções para a taxa de juros foram motivadas pelas indicações do BC de que, mesmo com a queda na atividade, a instituição avalia elevar a Selic em 2016.
Para o BC, a recuperação da economia depende do controle da inflação, e as projeções do mercado para o IPCA (índice de preços ao consumidor) mostram dois anos seguidos de estouro do limite de 6,5% para a meta.
As estimativas para a inflação são de 10,44% em 2015 e 6,70% em 2016. O BC promete colocar o IPCA em 4,5% em 2017. As projeções do Focus apostam que isso só vai ocorrer em 2019.
O vice-presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, afirma que o aumento dos juros deve deprimir ainda mais a economia e continuará sendo pouco eficaz no combate à inflação, a exemplo do que tem ocorrido nos últimos anos.
Para Miragaya, a melhora desse e de outros indicadores econômicos depende de uma retomada da governabilidade por Dilma Rousseff.
Renato Nobile, presidente-executivo do Bullmark Financial Group, afirma que a mudança de governo seria o caminho mais curto para a recuperação econômica.
“Apesar de o impeachment ser muito ruim para imagem do Brasil, ter um governo fraco complica ainda mais as coisas em termos de fazer o necessário para colocar a economia na rota certa”, afirma.
Fonte - Folha de S. Paulo