17/01/2016 11:38
Devido ao alto custo, recorrer ao mercado internacional não será o caminho escolhido pela Petrobras. Optar por meios que demande menores taxas para sanar o atual rombo em seus cofres, é prioridade
O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, disse ontem (sexta-feira, 15) que a empresa vai buscar alternativas mais baratas para se financiar. De acordo com ele, o mercado internacional de capitais não é uma opção, por ser muito caro.
A meta é vender ativos que rendam ao menos US$ 14,4 bilhões, para que a empresa não precise captar mais dinheiro pelo menos até julho de 2017. Um dos principais ativos considerados para venda é a Transpetro, empresa da Petrobras na área de transporte marítimo e oleodutos.
Ao explicar nesta sextafeira as maiores preocupações da área financeira da Petrobras, Ivan Monteiro, diretor financeiro da companhia, disse que a empresa vai buscar alternativas mais baratas para se financiar, citando operações de “sale and leaseback”, securitização de recebíveis de exportações em agências de crédito à exportação. O mercado internacional de capitais, que, segundo ele, “a Petrobras não vai acessar” não é uma opção por ser muito caro.
Se conseguir cumprir a meta de vender ativos que rendam ao menos US$ 14,4 bilhões, Monteiro disse que Petrobras conseguirá chegar até julho de 2017 com caixa mínimo de US$ 15 bilhões. A premissa, nesse caso, é que a companhia não precisará captar “nem US$ 1 até lá”. O diretor garantiu que a estatal não trabalha com a possibilidade de realizar uma capitalização.
Para atingir esse objetivo, a Petrobras aumentou o número de ativos disponíveis para a venda. Monteiro mencionou hoje a Transpetro, que já tem banco contratado, e a área de fertilizantes. O interesse dos investidores pela área de fertilizantes da estatal surpreendeu o diretor financeiro. Já Solange Guedes, diretora de exploração e produção, observou que nem todos os ativos são influenciados pela forte queda do Brent que se vê desde 2014.
Ao explicar por que a Petrobras está confiante na realização da meta de venda de ativos, ela disse que aumentou a lista de itens oferecidos. Monteiro afirmou que o número está na faixa entre 20 e 30 empresas ou projetos.“Aumentou a quantidade de opções na mesa, porque sabemos que alguns serão menos atrativos, e outros serão mais”, disse Solange.
O diretor financeiro frisou que a Petrobras está vendendo alguns negócios, e não apenas ativos. Ao responder a um comentário sobre a dificuldade histórica da companhia de vender qualquer ativo, ele afirmou que a empresa “precisa ser convencida” e que “não apenas obedece ordens”. O diretor financeiro mencionou a rede de oleodutos e gasodutos da Petrobras como exemplos de negócios em que a companhia pode ser usuária, ao invés de dona. “A companhia precisa se preparar para ter outros ‘skills’”, disse.
Solange admitiu a existência de “barreiras culturais” na Petrobras contra a venda de ativos, mas avalia que isso pode ser visto de forma positiva por ser algo que diferencia a estatal de outras companhias que já fizeram uma forte gestão de ativos do portfólio no passado.
Transpetro
Executivos da Petrobras participaram ontem da primeira apresentação sobre a Transpetro, que é uma das empresas que podem ser vendidas pela estatal, segundo Monteiro. A companhia recebeu estudos para a venda da companhia. Braço da Petrobras na área de transporte marítimo, a Transpetro tem dois negócios principais: shipping (navios) e a rede de oleodutos da estatal.
Petrobras descarta ida a mercado externo de capitais por estar caro
Da Redação com informações de Cláudia Schüffner - Valor Econômico