Dilma ficou ”estarrecida” com relatório do FMI sobre o Brasil

24/01/2016 15:31

A instituição apresentou relatório de uma revisão das estimativas para a economia brasileira e aumentou a projeção de queda de 1% para 3,5% em 2016 e de crescimento de 2,3% para estabilidade em 2017

A presidente Dilma Rousseff discursou ontem em Brasília e afirmou ter ficado “estarrecida” com o relatório do Fundo Monetário Internacional sobre o Brasil.

“Nós sabemos que o FMI fala muita coisa. No último relatório dele avaliando a economia internacional, diz que três fatores são muito relevantes no atual cenário e explica as dificuldades que o mundo enfrenta: a diminuição do crescimento da China e instabilidade no Oriente Médio e o terceiro era a continuidade da situação crítica no Brasil. Ao que ele [FMI] atribuía a situação crítica do Brasil? Não era da economia, mas à instabilidade política e o fato de as investigações quanto à Petrobras terem prazo de duração maior do que eles esperavam”, disse a presidente.

 

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta­feira ter ficado “estarrecida” com a avaliação feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que revisou as projeções para a economia brasileira em 2016 e 2017 em sua atualização do relatório World Economic Outlook (Perspectiva Econômica Global).

Convidada em reunião do diretório do PDT, seu antigo partido, Dilma destacou que o FMI atribui à incerteza do cenário político e ao prolongamento das investigações de ilícitos cometidos na gestão da Petrobras como motivadores da recessão.

“Eu fiquei recentemente estarrecida com uma frase que li no relatório do FMI. Nós sabemos que o FMI fala muita coisa. No último relatório dele avaliando a economia internacional, diz que três fatores são muito relevantes no atual cenário e explica as dificuldades que o mundo enfrenta: a diminuição do crescimento da China e instabilidade no Oriente Médio e o terceiro era a continuidade da situação crítica no Brasil”, lembrou a presidente. “Ao que ele [FMI] atribuía a situação crítica do Brasil? Não era da economia, mas à instabilidade política e o fato de as investigações quanto à Petrobras terem prazo de duração maior do que eles esperavam”, afirmou.

O FMI aumentou a projeção de queda da economia brasileira este ano de 1% para 3,5%. Para 2017, a expectativa é de estabilidade, com a estimativa de crescimento zero para o Produto Interno Bruto (PIB). Em outubro do ano passado, o FMI projetava crescimento de 2,3%, em 2017.

Dilma, que chegou ao evento com uma hora e meia de atraso, fez elogios ao ex­ministro Ciro Gomes, recém­filiado ao PDT e que vislumbra concorrer à sucessão presidencial em 2018. “Ciro é uma pessoa que considero de forma especial. A gente não briga com alguém que demonstrou imensa lealdade”, disse.

Ciro é crítico frequente das ações do governo e da aliança com o PMDB.

“Vida ilibada”

O processo de impeachment instalado contra ela no Congresso Nacional voltou a ser alvo de críticas da presidente. Ela lembrou as tentativas de destituição de Getúlio Vargas do cargo, comparando as duas situações. “O impeachment que tentaram impor ao Getúlio é prenúncio do que está acontecendo no Brasil: um governo não pode ser objeto de golpe por razões que chamam de políticas”.

Dilma chamou de “golpistas” aqueles que defendem seu afastamento. “Não tenho na minha vida, no tempo que passei no PDT ou PT, nenhuma acusação de uso de dinheiro público, conta no exterior. Tenho uma vida ilibada. Não há nenhuma base para impeachment e eles sabem disso, mas não ligam. E ainda não gostam de ser chamados de golpistas”.

O PDT fechou nesta sexta­feira questão contra o processo de impeachment e a favor do afastamento de Eduardo Cunha (PMDB­RJ) da presidência da Câmara.

Dilma ressaltou a importância de Leonel Brizola (1922­2004) em sua vida política e se emocionou ao prestar homenagens a ele e a João Goulart (1918­ 1976) como “heróis da pátria”.

A presidente procurou se mostrar otimista com a situação do país e garantiu que haverá a retomada do crescimento econômico. “Nós vamos voltar a gerar emprego e renda. Vamos voltar a desenvolver esse país”.

Ao final, Dilma causou algum constrangimento ao fazer uma brincadeira com o presidente do PDT, Carlos Lupi, que remetia à sua demissão do Ministério do Trabalho, selada pela própria presidente. Em 2011, acusado de participação em irregularidades na Pasta, Lupi disse que duvidava que seria demitido e só deixaria o Ministério “abatido à bala”. Dilma não gostou e à época cobrou uma retratação pública. Ao fazê­la, Lupi pediu desculpas e declarou que “amava” a presidente.

“Você já declarou que me ama várias vezes. Espero que mantenha sua palavra”, cobrou Dilma de Lupi, que ficou visivelmente acanhado.

 

por Vandson Lima e Bruno Peres no Valor Econômico
Tags: