Dilma consegue ganhar confiança na Reunião do Conselho

29/01/2016 13:02

Para o Conselho, Dilma foi “humilde” e mostrou disposição em ouvir sugestões. Agora, a expectativa é se a fala da presidente será transformada em ações concretas

A presidente Dilma Rousseff conseguiu um voto de confiança de empresário e trabalhadores após o retorno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no Palácio do Planalto.

Empresários como Benjamim Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, concordam que o momento atual pede ações. “Não adianta mais discurso. Tem muito trabalho a ser feito e por causa da crise, tem de ser tudo muito rápido”, disse Carlos Pastoriza, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos.

Trabalhadores e empresários do Conselho também concordaram na resistência ao retorno da CPMF, esperando que o tributo seja temporário e que primeiro, o governo realize seus próprios cortes.

 

Percepção de empresários e trabalhadores foi de que presidente foi ‘humilde’; participantes, no entanto, rejeitam uso político da mobilização a favor das medidas anunciadas pelo governo

Apesar das inúmeras ressalvas, , a presidente Dilma Rousseff conseguiu obter um voto de confiança de empresários e trabalhadores que participaram da primeira reunião do novo Conselhão, no Palácio do Planalto. O entendimento de vários conselheiros ouvidos pelo Estado é que a presidente foi “humilde” ao pedir “encarecidamente” apoio para a CPMF, para o diálogo e demonstrou disposição em ouvir sugestões, para ajudar o País a sair da crise. Mas o momento é de expectativa se as palavras de Dilma vão ser, de fato, traduzidas em ações.

“A iniciativa foi boa, a gente tem de acreditar, o governo está sabendo quais são os problemas e isso é superpositivo. Agora, falta agir e isso é uma questão de querer”, disse o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, Benjamim Steinbruch. O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, Carlos Pastoriza, foi na mesma linha. “Chegou um momento de atuar. Não adianta mais discurso. Tem muito trabalho a ser feito e por causa da crise, tem de ser tudo muito rápido. Se o governo não fizer nada, por paralisia ou encenação, vai se arrebentar este ano.”

Empresários e trabalhadores rejeitaram a possibilidade de o governo usar essa mobilização de todos em favor de apoio político à presidente Dilma, para ajudar a enfraquecer a tese do impeachment no Congresso. “O impeachment está exaurido, mas não acredito que esta situação aqui seja para subsidiar a presidente porque, senão, muitos de nós não estaríamos aqui, inclusive eu”, desabafou o presidente da central sindical UGT, Ricardo Patah. “Trazer todos aqui tem efeito colateral positivo para ela, demonstrando um respaldo político indireto. Mas se quiserem fazer isso mesmo, será um tiro no pé”, comentou Pastoriza.

Apesar do apelo, houve muitas resistências ao pedido de volta da CPMF, pois empresários e trabalhadores querem, primeiro, mais “corte na carne” do governo. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, disse que o retorno da CPMF é uma das possibilidades, mas considera que ela deve ser “transitória” porque a carga tributária no País é muito elevada. Trabuco foi o primeiro a falar no Conselhão, em seu discurso afirmou que com a recessão, “somos todos perdedores”.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins, avisou que faz “objeção à CPMF sem cortar gasto público”. E emendou: “O gasto cresceu tanto que não há CPMF que aguente”, avisou.

FGTS. A decisão do governo de anunciar a liberação de R$ 17 bilhões do FGTS para usar no consumo dividiu os representantes dos trabalhadores. O presidente da CUT, Wagner Freitas, e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, Rafael Marques, ambos próximos ao ex­-presidente Lula e ao governo, defenderam a medida. “Vejo com bons olhos”, disse Freitas. Marques acha que a medida ajudará o trabalhador a diminuir o custo de sua dívida, pois, ao usar o FGTS como garantia, o risco do empréstimo e, consequentemente, os juros, diminuem. Já o presidente da UGT, Ricardo Patah, foi contra. “Como trabalhador não acho que é adequado pegar recursos do Fundo para estimular o crédito”, desabafou Patah, acrescentando que considerava “mais adequado reduzir compulsório dos bancos de 33% para 20%”.

Sobre a questão da reforma da Previdência, que os trabalhadores são contra, eles dizem que o local correto para essa discussão não é o Conselhão, mas o fórum que está funcionando no Ministério do Trabalho.

 

fonte - Estadão, por Luis Nassif ONLINE
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