Mercado ignora atentados e segue cenário político

22/03/2016 12:52

Cenário político, nova operação da Lava Jato e prejuízos recordes da Petrobras, ditam rumos do mercado. Ibovespa segue pressionada e dólar perde força após leilão de swap reverso.

O dólar opera próximo da estabilidade nesta terça-feira (22) após ter chegado à máxima de R$ 3,6521 antes do leilão de swap reverso realizado pelo Banco Central entre 9h30 e 9h40. É o segundo dia que o BC tenta conter a desvalorização acentuada na moeda norte-americana em virtude das incertezas políticas.

No entanto, após o término do leilão, os agentes de mercados se voltaram mais uma vez para o cenário político doméstico, e, com forte fluxo de venda, a moeda descola da tendência internacional de alta após os atentados na Bélgica.

“O mercado está olhando mais o quadro político do que qualquer coisa”, afirma José Roberto Carreira, gerente de câmbio da Fair Corretora.

A percepção do mercado é de que é crescente as chances de Dilma Rousseff não terminar seu mandato.

O presidente da Câmara Eduardo Cunha conseguiu quórum para realização da segunda sessão plenária na Casa na noite de segunda-feira (21), algo raro para os parlamentares. Assim, Dilma Rousseff tem apenas mais oito sessões para apresentar sua defesa e Cunha vem cumprindo com a promessa de acelerar o trâmite.

A intenção da comissão especial de impeachment é apresentar um parecer e levar o processo à votação na primeira quinzena de abril. Segunda a Folha de S.Paulo, a presidente Dilma já prepara ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o impedimento, alegando que não há base legal.

Sem conseguir o cargo de ministro da Casa Civil para ajudar Dilma na articulação política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem atuado nos bastidores para impedir a debandada de partidos da base aliada, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, e conseguir os 171 votos contrários ao impeachment na Câmara.

No momento a moeda segue com leve alta de +0,1619% cotada a R$ 3,6188. (11h35)

 

Prejuízos recordes da Petrobras

O cenário político ganha companhia do prejuízo recorde da Petrobras e do pessimismo no cenário internacional entre os principais focos de atenção do mercado no pregão desta terça-feira. O Ibovespa opera em terreno negativo no segundo pregão da semana.

Figurando entre as ações com maior peso sobre o desempenho do principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a Petrobras cai após ter registrado prejuízo líquido de R$ 34,836 bilhões. De acordo com dados da Economatica, esse é o maior prejuízo anual registrado pela companhia, superando o prejuízo R$ 21,587 bilhões do ano imediatamente anterior.

Ainda no cenário doméstico também é assimilada a deflagração da 26ª fase da Operação Lava Jato, denominada Xepa, cujo alvo principal é a empreiteira Odebrecht. A operação da Polícia Federal é um desdobramento da 23ª fase da Lava Jato, chamada Acarajé, que resultou na prisão do marqueteiro do PT João Santana por suspeita de receber pagamentos ilegais da Odebrecht no exterior.

Na cena política, o andamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff também mexe com o humor dos agentes locais. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conseguiu quórum para realização da segunda sessão plenária na Casa em plena noite de segunda-feira (21). Assim, a presidente Dilma Rousseff tem mais oito sessões para apresentar sua defesa. A intenção da comissão especial de impeachment é apresentar um parecer e levar o processo à votação na primeira quinzena de abril.

No exterior, o pessimismo generalizado reflete os atentados na Bélgica, que aumentam o temor de novos ataques em toda a Europa. Uma dupla explosão no aeroporto em Bruxelas e uma outra em uma estação de metrô deixaram pelo menos 30 mortos e quase 136 feridos, segundo informações preliminares da imprensa europeia nesta manhã.

Os preços do petróleo caem e contribuem para que a aversão ao risco prevaleça entre os investidores domésticos.

Por volta das 10h20, o Ibovespa recuava 0,66%, aos 50.836 pontos.

Entre as ações mais líquidas, as preferenciais da Petrobras (PETR4) caíam 2,97%, seguidas das ordinárias (PETR3), que cediam 1,95%. Os papéis da Vale (VALE5) perdiam 0,89%.

 

Fonte - Agência Brasil