‘Noiva’ do dia – Todos esperando a decisão do PMDB

29/03/2016 11:01

Mercado e partidos menores aguardam a decisão do PMDB em desembarcar do governo Dilma. Rali do impeachment é alimentado com tal expectativa.

O mercado vem apostando todas as suas fichas nos últimos dias no reforço do impeachment com a saída de um dos principais aliados do governo, o PMDB. A expectativa com o posicionamento do partido em convenção marcada para 15 horas desta terça-feira (29) deve ditar o tom dos mercados.

O movimento de saída do PMDB da base governista deu seu primeiro passo na noite de segunda-feira (28) com o pedido de demissão do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele foi o primeiro dos sete ministros do PMDB a deixar o governo da presidente Dilma Rousseff.

Em carta, o ex-ministro afirmou que sempre prezou pelo diálogo permanente, mas demonstrou que a alternativa parecia ter se desgastado recentemente. “Diálogo este que – lamento admitir – se exauriu.”

Fontes afirmaram à Bloomberg que outros ministros do PMDB também devem entregar seus cargos. Helder Barbalho estaria prestes a deixar o comando da Secretaria de Portos, enquanto Celso Pansera e Eduardo Braga pedirão demissão das pastas de Ciência, Tecnologia e Inovação e Minas e Energia, respectivamente. As assessorias de imprensa de Barbalho, Pansera e Braga negaram a informação.

Ainda na noite de ontem, o vice-presidente Michel Temer decidiu não comparecer à reunião do Diretório Nacional do PMDB. Os ministros da legenda que compõem o governo também não devem participar do encontro.

Temer tenta não se envolver diretamente na decisão do partido que preside, mas o Planalto já prepara um contra-ataque. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a ideia é transformar o vice-presidente no “chefe do golpe” e mostrar sua ligação com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que rompeu com o governo no ano passado.

O ex-presidente Lula ainda tem esperanças. Em entrevista a jornalistas estrangeiros, ele afirmou que o governo irá construir sua base no Congresso com os dissidentes do PMDB. “Vamos ter uma espécie de coalizão sem a concordância da direção. Não sei se é possível, mas acho que é possível”, disse.

O governo também perde batalhas entre as bancadas menores. O PSD liberou seus 31 deputados federais para votarem como quiserem no impeachment. O líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), está afastado do posto para se dedicar à presidência da comissão especial que analisa o pedido de impeachment. Há a expectativa de que outras siglas menores possam acompanhar a decisão do PMDB, apesar do esforço do governo em manter a base.

“Se o PMDB permanecer no governo, ocorrerá um movimento de realização [vendas de ações pelos investidores]. Se o PMDB decidir desembarcar do governo, o Ibovespa deve ganhar novo fôlego e registrará novas altas já que a situação do governo fica insustentável”, disse João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.

No mercado doméstico, a provável saída do PMDB da base governista poderá ter impactos positivos nas bolsas e no real, segundo a LCA Consultores. Diante disso, o Banco Central já se antecipou à provável queda do dólar e anunciou um leilão de swap cambial reverso, que equivale a compra futura.

Serão até 20 mil contratos de swaps cambiais no valor total de até US$ 1 bilhão. Os contratos terão vencimento em 1º de julho e 3 de outubro de 2016. A operação ocorre entre 9h30 e as 9h40 e o resultado da operação será divulgado a partir das 9h50.

 

Da Redação com informações de Marcelo Ribeiro, Weruska Goeking, Gustavo Kahil