Dilma na ONU e Temer em jornais internacionais, mexem com o Mercado

22/04/2016 10:55

Mercado segue monitorando Dilma na ONU e cautela externa. Temer se antecipa e fala com jornais estrangeiros. BC faz leilão de swap reverso.

A arena da política brasileira sai de Brasília e passa para Nova York nesta sexta-feira (22) pós-feriado em que Dilma Rousseff busca apoio internacional e Michel Temer continua a saga por nomes para sua equipe econômica.

Há a expectativa se a presidente usará seus cinco minutos de discurso na ONU (Organização das Nações Unidas), por ocasião da cerimônia de assinatura do acordo de Paris sobre o clima, para se defender do impeachment e classificar o processo como golpe.

A presidente pode recuar da ideia após a chuva de críticas, da oposição e do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o ato. No entanto, o assunto inevitavelmente virá à tona na rodada de entrevistas a jornalistas estrangeiros prevista para esta tarde.

Para rebater o argumento, a Câmara dos Deputados está pagando as despesas de Luiz Lauro Filho (PSB) e José Carlos Aleluia (DEM) em Nova York para que a oposição possa contar sua versão dos fatos, segundo a Folha de S.Paulo.

Interinamente na Presidência, enquanto Dilma está fora do país, Temer também faz sua ofensiva internacional contra o discurso de Dilma Rousseff de que o processo de impeachment configura um golpe.

Temer concedeu entrevista a importantes veículos internacionais como o “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e “Financial Times”. “O fato de ela estar dizendo que eu sou um golpista é obviamente perturbador para mim e para a vice-presidência da República”, afirmou. “Estou muito preocupado com a intenção da presidente de dizer que o Brasil é uma República de menor importância onde há golpes”, disse.

Ao “The New York Times”, Temer declarou que foi tratado de forma terrível pela presidente durante seu tempo no governo. “Passei quatro anos sendo absolutamente condenado ao ostracismo.”

Ao mesmo tempo, Temer segue em sua jornada por nomes fortes para montar sua possível equipe econômica. Segundo fontes, o objetivo do vice é anunciar sua equipe econômica no dia seguinte à aprovação da admissibilidade do processo de impeachment de Dilma no Senado.

Temer pretende encontrar com o ex-presidente do BC (Banco Central) Henrique Meirelles e com Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) no início da semana. Eles estão cotados para assumir o comando do Ministério da Fazenda.

Além das novidades políticas, o mercado doméstico deve digerir os acontecimentos nas praças internacionais durante o feriado de Tiradentes, dia em que os ativos brasileiros fecharam em baixa lá fora.

Nos mercados internacionais, as bolsas chinesas encerraram o pregão em alta, mas o resultado semanal foi o pior em três meses.

As bolsas europeias operam em queda após uma inesperada desaceleração do crescimento empresarial na zona do euro. Os índices futuros norte-americanos operam próximo da estabilidade enquanto os preços do petróleo também mostram pouca variação.

No mercado de câmbio, o Banco Central dá continuidade aos leilões de swap cambial reverso – equivalente a compra futura de dólares – e faz uma operação de até 20 mil contratos entre 9h30 e 9h40.

“A Bovespa e o real podem se depreciar e a inclinação da curva de juros aumentar”, avalia a LCA Consultores.

 

Da Redação com informações de Marcelo Kahil, Weruska Goeking e Marcelo Ribeiro, jornalistas especialistas em mercado.