29/04/2016 10:33
O PT está longe de sair do governo. 13 anos foram mais do que suficientes para introduzir o petismo na máquina pública.
Em algum momento de maio próximo, a presidente Dilma será afastada de seu cargo para que ocorra o julgamento de fato do processo de impeachment no Senado Federal. Poucos e talvez nem a própria Dilma acreditam que a presidente volte a governar o país ao final do julgamento.
Altamente provável também que o partido de Dilma, o PT, tão pouco participe do futuro governo de Michel Temer. Será o primeiro governo em 13 anos sem o PT no comando e nem no primeiro ou segundo escalão da administração federal.
Mas o impeachment eliminará completamente o PT do poder federal? Dificilmente isto ocorrerá. 13 anos foram mais do que suficientes para introduzir a cultura do PT, ou petismo, na máquina pública em seus mais diversos níveis. Afinal foram 13 anos de concursos públicos nos quais os candidatos recrutados defenderam que a globalização gera desemprego ou subemprego nos países periféricos ou que Cuba e Venezuela só não se tornaram a versão do Nirvana na Terra por culpa do imperialismo americano. Isto em um período no qual houve um grande impulso no recrutamento de funcionários públicos.
Sem contar os milhares de cargos comissionados, estes sim altamente alinhados com o petismo, que não conseguem e nem devem ser substituídos de forma automática em uma transição de governo.
O que mais assusta é a alta capacidade de sabotagem que essas pessoas possuem e que torna este risco não desprezível. Os métodos e táticas petistas para manutenção do poder trazidos à tona pelas investigações anti-corrupção da Polícia Federal e do Ministério Público já mostram do que esse pessoal é capaz. O presidente do PT quando diz que inviabilizará o governo Temer certamente conta com a colaboração do petismo enrustido nos baixos escalões da máquina pública e não somente com os serviços prestados pelos barulhentos, muitos pau-mandados, que saem nas ruas para protestar contra o impeachment.
O novo governo deve ficar atento e adotar medidas preventivas para evitar qualquer tipo de sabotagem. A redução imediata de ministérios há muito esperada, seria um bom começo.
Por João Alberto Brando é formado em Economia pela FEA-USP e mestre em Finanças pela FGV-SP. Trabalha na P&A, uma trading e consultoria em agronegócio do interior de São Paulo.