Opinião – Cabeças começam a rolar

06/05/2016 04:10

”Jamais a República viveu tamanha confusão…O próximo alvo será o presidente do Senado, Renan Calheiros, por motivos parecidos com os do presidente da Câmara.”

Eduardo Cunha não tem mais salvação, depois que na tarde de ontem o plenário do Supremo Tribunal Federal referendou a liminar concedida de manhã pelo ministro Teori Savaski, suspendendo o mandato de deputado do já agora ex-parlamentar e ex-presidente da Câmara. Foi uma paulada dupla, melhor dizendo, duas degolas.

A iniciativa fez a felicidade de muita gente, a começar pelo Procurador Geral da República, que havia solicitado o afastamento de Eduardo Cunha, acusado por sucessivos atos de corrupção.

Nas nuvens, até literalmente, ficou a presidente Dilma Rousseff, informada pela ação de Teori Savaski quando voava para a Bahia a fim de presidir uma solenidade. Madame parece a poucos dias de também ser afastada de suas funções através de processo de impeachment correndo no Senado, mas retemperou-se. Afinal, foi graças ao presidente da Câmara que se encontra para perder o poder. Que tal se a maré virar e os senadores considerem questionável a operação iniciada pela maioria dos deputados? Pouquíssimo provável, mas possível a manobra será, dada a desmoralização do principal algoz da presidente da Republica.

Ao mesmo tempo, numa quinta-feira trágica como ontem, outro que perdeu a cabeça foi o senador Delcídio Amaral, ex-líder do governo e por sinal na cadeia, entre outras acusações por haver espalhado barro no ventilador, atingindo a honra de muitos parlamentares e ministros.

Se não sobrevierem antes outros terremotos, na quarta-feira da  próxima semana o  Senado afastará a presidente Dilma, empossando por pelo menos 180 dias o vice-presidente Michel Temer no palácio do Planalto.

Jamais a República viveu tamanha confusão, atingindo autoridades de tanta grandeza, por sinal mais apequenadas do que nunca. O próximo alvo será o presidente do Senado, Renan Calheiros, por motivos parecidos com os do presidente da Câmara. Imagina-se que Dilma, posta para fora na semana que vem, não voltará. O Congresso vive em frangalhos, a economia nacional pior ainda, enquanto o país hoje com dois presidentes da República arriscar-se a não ter nenhum, amanhã.

 

carlos chagas

Por Carlos Chagas