Opinião – Governo que não bate apanha

01/06/2016 10:51

”Bem disse o poeta Soares da Cunha, de Governador Valadares, que “amigos são, todos eles, como aves de arribação”… Pense assim, Michel, e olhe ao seu redor…”

O Brasil está como uma reunião de comadres. Nunca vi tanta fofoca… A novidade é essa falsidade de “amigos” gravarem conversas de “amigos” desprevenidos, como fez esse Sérgio Machado, filho do ex-deputado e ex-ministro do Interior Expedito Machado, homem de prestígio e respeito, grande amigo de Jango. Estivesse vivo, Expedito certamente morreria de desgosto com o procedimento do filho, que foi esquecido na presidência da Eletrobras por 12 anos, sempre mudando de partido para garantir seu alto cargo. Dizem que um gambá cheira o outro… Deve ser por isso que, de repente, o cara apareceu no cenário do crime, íntimo de tanta gente que se acha importante, com a gravação, guardada por precaução e má-fé, de todos os fuxicos que fez com seus cupinchas.

Bem disse o poeta Soares da Cunha, de Governador Valadares, que “amigos são, todos eles, como aves de arribação”… Pense assim, Michel, e olhe ao seu redor: rverá que “macaco que pula de galho em galho acaba caindo”. Jucá sempre pulou de galho em galho… Ele foi líder de FHC, de Lula, da terrorista Dilma e filiado a diversos partidos. Por que seria diferente agora?

Concordei, mesmo sem entender, com sua decisão de retornar a Cultura ao status de ministério. Mas você acha, mesmo, que a Cultura deve ser tratada como ministério – que, atualmente, patrocina até concurso de arroto com a mamata da Lei Rouanet – e os Direitos Humanos apenas como secretaria?
Muita gente acha, e eu também, que o número ideal de ministérios seria 17 – número de prédios idealizados por JK e construídos na Esplanada dos Ministérios. As demais pastas, sejam lá quantas forem, deveriam receber o status de secretarias, e algumas, como Pesca, Cidades, Mulher etc., não deveriam passar de departamentos.

Lá em Salinas, terra de muita gente boa e pobre, como, aliás, todo o Norte de Minas, eu sempre andava acompanhado por alguns desses que, deles mesmos, só têm a vida. Pessoas interessantes, de bom caráter, bons pescadores de piaba, cantadores de coco, poetas de cordel, gente que, como eu, adora a vida na solta, voando como passarinho… Liberdade de tomar banho pelado no rio e comer “de mão” uma carninha-seca com um punhadinho de farinha de mandioca…

Nesse meio, vivia o Zé Bonzinho, pobre feito Jó e amigo, como todo pobre vivedor. Deve ter morrido, sem saber, assim, pobrezinho como sempre foi. Foi ele que um dia, pescando piaba comigo no poço do Aluar, como se previsse, me alertou para a vida política que me esperava: “Sylo, ocê é como um irmão, pena que nós só encontra pra tecer conversa nos fim de ano. Ocê é gente boa, e nós pobre só gosta de gente iguala a nós mesmo, que nem pensa nas maldade do mundo. Deixa te falá uma coisa: aprende a bater tomém, proque quem não bate nessa vida apanha. E ocê num merece”.

Michel, você não me conhece nem tem por quê, mas aprenda a bater, como é da essência política, se quiser ficar aí…

sylo costa artigo

Por Sylo Costa, foi deputado estadual na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais durante quatro legislaturas consecutivas
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