Câmbio – Dólar volta a tomar fôlego na expectativa do déficit fiscal

07/07/2016 13:34

Dólar segue exterior e passa a subir ante real, à espera de meta fiscal. Mercado adota cautela antes da divulgação do tamanho do rombo das contas públicas

O dólar passou a subir frente ao real nesta quinta-feira conforme a queda dos preços do petróleo esvaziou o bom humor visto mais cedo nos mercados globais, mas os investidores adotavam cautela antes da divulgação da meta fiscal para o ano que vem.

Às 11:55, o dólar avançava 0,28 por cento, a 3,3462 reais na venda, após chegar a 3,3535 reais na máxima e 3,3207 reais na mínima.

A moeda norte-americana já havia avançado nas quatro sessões anteriores, acumulando valorização de 3,85 por cento. O dólar futuro subia cerca de 0,4 por cento no início da tarde.

“Houve uma piora relevante nos mercados lá de fora e o clima aqui ainda é moderado, de prudência”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Pela manhã, o dólar havia recuado em relação às principais moedas emergentes, em alívio após vários dias de mau humor. Esse movimento perdeu força, porém, após os preços do petróleo voltarem a cair, revivendo a aversão a risco nas praças financeiras internacionais.

A alta do dólar nos últimos dias veio em meio à apreensão nos mercados globais com as possíveis consequências econômicas da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE), além da atuação do Banco Central brasileiro.

Nesta quinta-feira, o BC ofertou e vendeu integralmente pela quinta sessão seguida 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares. A interpretação da maioria dos operadores é que a autoridade monetária quer corrigir o recente ritmo exageradamente rápido de desvalorização do dólar, que marcou em junho a maior queda mensal em 13 anos.

Operadores também adotavam cautela antes da definição da meta fiscal do ano que vem, às 18:00.

“O assunto principal do dia é a questão da meta fiscal”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Uma fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que o governo deve fixar rombo primário de 140 bilhões a 150 bilhões de reais para 2017, abaixo dos 170,5 bilhões de reais previstos para este ano.

Na véspera, a alta da moeda norte-americana havia sido influenciada por preocupações com a possibilidade de o governo se contentar com uma meta fiscal pouco ambiciosa para 2017.

“Vai ser difícil o mercado comprar o discurso do gradualismo no ajuste. Já faz anos que ouvimos essa história e agora é a hora de ações, não palavras”, resumiu o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos internacional.

 

Por Bruno Federowski na Agência Reuters