Opinião – Quase nada de novo

18/08/2016 12:11

”Como todo ano eleitoral, e talvez mais ainda neste ano, só lá pelo meio de setembro, o eleitor deve começar a se interessar de fato pelos candidatos e a definir seu voto.”

O discurso de uma nova política a partir das eleições deste ano, pregado por nove entre dez candidatos Brasil afora, até agora parece ser uma meia verdade. As campanhas, não há dúvidas, estão mais baratas. Em Belo Horizonte, a tomar por base o salário ofertado a profissionais de comunicação, o orçamento é um terço menor se comparado ao de pleitos passados. Onde antes pagava-se R$ 15 mil, por exemplo, a proposta agora é de R$ 5.000 por mês. Uma adaptação forçada à realidade da crise econômica, do impedimento de doações de empresas e da operação Lava Jato. Ou seja, o menor investimento para eleger um político não é necessariamente uma opção, mas sim a falta de alternativas. Independentemente da motivação, um freio na farra da gastança em época de eleição – movida, quase sempre, por desvio de dinheiro público – não deixa de ser uma boa notícia.

No campo das propostas, apesar de haver 11 candidatos para a prefeitura da capital mineira, tudo parece com cara de velho. No primeiro dia de campanha, um foi rezar, de olho no voto dos fiéis, outro foi à Santa Casa, para ouvir as queixas de funcionários e falar generalidades, um terceiro foi ouvir artistas e por aí vai… Até sobre a conclusão (ou seria a construção?) do metrô teve candidato com cara de pau suficiente para desenterrar as promessas de concretização das linhas 2 e 3, prometidas e não concluídas há mais ou menos 30 anos.

No geral, à exceção de um ou outro candidato, não há propostas miraculosas. O discurso parece ser o de ajustar as engrenagens, evitar o desperdício e fazer a máquina pública funcionar de forma mais eficiente. Outra boa notícia, caso realmente seja verdade, apesar de não atrair votos. Prometer menos parece ser uma proposta inteligente e mais honesta.

Pensando em votos, ainda é difícil saber como a população assimilará essa eleição e seus candidatos. No momento, paira certo torpor sobre os eleitores, e aí não só de Belo Horizonte, mas de todo o país. Fora os candidatos e a imprensa, ainda não há ninguém com a cabeça voltada para as eleições municipais. Primeiro há as Olimpíadas, o desfecho do processo de impeachment e a contínua caçada da Lava Jato a Lula, a qual parece estar próxima dos capítulos finais. Como sempre acontece, e talvez mais ainda neste ano, só lá pelo meio de setembro, a uns 20 dias da votação, o eleitor deve começar a se interessar de fato pelos candidatos e a definir seu voto. Vamos ver se até lá os candidatos também apresentarão algo realmente novo e convincente.

Dilma no Senado. Difícil saber qual a razão de a presidente afastada ter mudado de ideia e decidido ir ao Senado para fazer sua defesa pessoalmente no processo de impeachment. Com a derrota já certa e estando cada vez mais isolada, a presidente parecer querer pelo menos deixar registrada para a história sua resistência até o final às manobras orquestradas para seu afastamento da Presidência, previsto para ocorrer no final deste mês.

Como quase todos os seus algozes têm telhado de vidro, será no mínimo curioso ver o cara a cara entre Dilma e os senadores. Cada um poderá fazer uma pergunta à presidente. Essa sessão promete.

 

murilo rocha

Por Murilo Rocha
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