Opinião – Não adianta brigar com a notícia

24/08/2016 08:29

”Afinal, ex-presidente encontrará forças para, na hora da decisão,  superar a frente ampla certamente organizada contra ele?”. Tomara que não!

Em dois anos, tudo pode acontecer, até não acontecer nada. Assim, a indagação que se estende para 2018 refere-se a quem será o adversário do Lula no segundo turno das eleições presidenciais. Porque, de início, não se cogita de acabar com o sistema de votação em  dois turnos, um com todos candidatos, outro apenas com os dois primeiros, ficando o vencedor obrigado a apresentar  a metade mais um  dos votos.

Apesar da torcida que fazem os principais partidos, mais boa parte do eleitorado, das elites, das forças conservadoras e da mídia, a verdade é que o ex-presidente será o candidato do PT e forças afins, mais a maioria dos sindicatos e a legião dos  temerosos beneficiados dos programas sociais hoje ameaçados. Dúvidas inexistem de que  a campanha do Lula já começou, e mais se acentuará após as eleições municipais.

Do outro lado, a incógnita prevalece: o segundo colocado será Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra, Marina Silva, Ciro Gomes, Henrique Meirelles,   Ronaldo Caiado, Jair Bolsonaro ou, hipótese em aberto, Michel Temer? Um deles será forçosamente convocado a  terçar armas com o primeiro-companheiro, por maiores esforços que façam seus adversários nessa frente ampla temerosa de mais uma derrota.

Torna-se necessário praticar aquela regra tão simples no jornalismo, ainda que combatida ao máximo por parte da população: é impossível brigar com a noticia. E a noticia, hoje, como ontem e talvez amanhã, dá ao Lula lugar garantido no primeiro turno das eleições presidenciais, abrindo-se o leque das especulações sobre quem ocupará o segundo lugar.

O resto  são dúvidas: o ex-presidente encontrará forças para, na hora da decisão,  superar a frente ampla certamente organizada contra ele?  E já entrado nos setenta anos, estará fisicamente preparado? Encontrará meios para retomar as propostas que realizou pela metade, nos seus dois primeiros governos?

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Por Carlos Chagas
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