Greve dos Bancos – A 23 dias despercebida pela maioria

28/09/2016 12:58

A mais longa desde 2014, as greves bancárias vem com o passar dos anos e com o avanço da tecnologia, sendo cada vez menos percebida pela população no dia-a-dia

A greve dos bancários, que entrou nesta quarta-feira (28) em seu 23º dia, já é a terceira mais longa desde 2004, quando a paralisação chegou a 30 dias. Mas, ao mesmo tempo, é a que menos transtornos causou aos correntistas, em razão do avanço rápido da tecnologia da informação nos serviços bancários.

Apenas uma parcela ínfima dos correntistas ainda sente a necessidade de ir ao banco tratar dos seus interesses. Com o avanço das tecnologias, já é possível não apenas fazer saques, em caixas eletrônicos, mas também depósitos de cheques, pagar contas, obter empréstimos e até negociar dívidas através do teclado do computador ou de smartphones. Mesmo durante as greves anuais dos bancários.

Os investimentos em autoatendimento podem ser atestados em números significativos como do Bando do Brasil, cujo setor de desenvolvimento de tecnologias, até há poucos anos com cerca de 1.500 funcionários, hoje conta com a atuação de cerca de 4.500 pessoas. O BB foi que criou, por exemplo, o serviço de negociação de dívidas junto ao próprio banco sem a necessidade de ir à agência.

Além de afetar cada vez menos os correntistas, as greves dos bancários afetam menos também os próprios bancos, que não parecem muito empenhados em resolvê-las rapidamente. Com a paralisação, despencam as despesas de custeio das operações banárias, e isso deixa os banqueiros felizes.

Acordo por dois anos
Ontem, após reunião com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), o Comando Nacional dos Bancários disse que os representantes dos bancos sinalizaram com um novo modelo de acordo, que passará a ter validade de dois anos, em vez de um, como ocorreu nos últimos anos.

“O acordo de dois anos pode ser uma boa alternativa, desde que traga ganho para os bancários”, disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. Em nota, a Fenaban disse que a negociação continuará hoje. Segundo os bancários, uma reunião está marcada para as 15h.

Os trabalhadores reivindicam reajuste de 14,78%, sendo 5% de aumento real, considerando inflação de 9,31%; participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários acrescidos de R$ 8.317,90; piso no valor do salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24), e vales alimentação, refeição, e auxílio-creche no valor do salário mínimo nacional (R$ 880). Também é pedido décimo quarto salário, fim das metas abusivas e do assédio moral.

Atualmente, os bancários recebem um piso de R$ 1.976,10 (R$ 2.669,45 no caso dos funcionários que trabalham no caixa ou tesouraria). A regra básica da participação nos lucros e resultados é 90% do salário acrescido de R$ 2.021,79 e parcela adicional de 2,2% do lucro líquido dividido linearmente entre os trabalhadores, podendo chegar a até R$ 4. 043,58. O auxílio-refeição é de R$ 29,64 por dia.

A proposta dos bancos, apresentada no último dia 9, foi de um reajuste de 7% para os salários e benefícios, somado a um abono de R$ 3.300 a ser pago em até dez dias após a assinatura do acordo. O reajuste seria aplicado também no PLR.

“A proposta apresentada traduz o esforço dos bancos por uma negociação rápida e equilibrada, capaz de atender às demandas por correção salarial e outros itens da Convenção Coletiva, com um modelo ajustado à atual conjuntura econômica”, disse em nota, na noite de ontem, a Fenaban.

Um balanço feito no fim do dia de ontem pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região informa que 913 locais de trabalho, sendo dez centros administrativos e 903 agências fecharam nesta terça-feira (27) na base do sindicato, com mais de 32 mil trabalhadores aderindo à greve.

 

Da Redação com informações da Agência Estado