Opinião – O retorno

14/12/2016 09:46

Mas a notícia, hoje, é que continuando as coisas como vão – justiça morosa –  o Lula é candidato absoluto e ocupa a pole-position. Poderá, acreditem, retornar em 2018.”

A pedra foi aqui cantada assim que decidido o impeachment de Dilma Rousseff: Lula é candidato em 2018 e lidera a disputa. Para impedi-lo, só cadeia. A pesquisa do Datafolha, divulgada ontem, revela que o ex-presidente lidera todas as previsões contra os demais cogitados, no primeiro turno. No segundo, Marina Silva teria chances, desde que os concorrentes derrotados fluíssem para ela.

Significam o quê, esses números? Que acima e além do PT, o ex-presidente conta com a maioria do eleitorado menos favorecido economicamente. Muitos, por lembrarem seus dois mandatos de ascensão social das massas. Outros, pelo repúdio à ortodoxia política envolvida na corrupção desenfreada agora exposta na temporada de delações.

Só tem um jeito de impedir o retorno do Lula: torná-lo inelegível por iniciativa do Ministério Público e dos tribunais. Vai ficando claro tornar-se impossível a formação de uma frente anti-Lula integrada por seus adversários. Agora é cada um por si, no devastado grupo dos políticos. Quando conhecidas todas as delações da Odbretcht, não sobrará pedra sobre pedra. Juntando-se o percentual de 63% de consultados que querem eleições diretas já, ficam evidentes as chances do Lula.

No jornalismo, há uma regra básica: não adianta brigar com a notícia. Pode-se detestar o ex-presidente. Constatar que ele fracassou ao optar pelas elites numa série de ações, começando pela imposição da sucessora. Acreditar numa série de acusações envolvendo apartamentos e sítios. De ter promovido falsas palestras no exterior para facilitar a vida de empreiteiras. E mais o que se pretenda acusar nas atividades de seus filhos.

Mas a notícia, hoje, é que continuando as coisas como vão, o Lula é candidato e ocupa a pole-position. Poderá retornar em 2018.

 

carlos chagas
Por Carlos Chagas
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